MBL se inspira em Lula de 2002 e busca versão ‘paz e amor’

Coordenador do movimento, Renan Santos, diz à Folha que houve exageros e acena com novo posicionamento

O MBL (Movimento Brasil Livre) ensaia um novo posicionamento. Tem admitido a responsabilidade na polarização do debate político nas últimas eleições e buscado se distanciar do governo de Jair Bolsonaro. Em entrevista à “Folha”, o coordenador do movimento, Renan Santos, diz que houve exageros e agora irão buscar “paz e amor na forma de dialogar com o outro”, ironicamente a mesma solução encontrada por Lula ao se candidatar à Presidência em 2002.

Renan Santos, coordenador do MBL, admite exageros do movimento
Créditos: Reprodução/Facebook
Renan Santos, coordenador do MBL, admite exageros do movimento

Uma das principais mudanças na orientação do grupo será a de priorizar os temas locais, em vez dos nacionais, como vinham fazendo.

Sobre o distanciamento de Bolsonaro, o coordenador afirma que vê três correntes na atual direita do país: uma que se baseia na ideia de ordem, outra, moralista, “a da Lava Jato” e outra, reformista, em que diz se enquadrar. “Em 2015, entramos com liminar para proibir o pessoal da intervenção militar de se manifestar no nosso ato. Hoje, eles são mainstream. Então, tem alguma coisa que não está funcionando.”

Santos disse à Folha que a técnica de “espetacularização da política” que o MBL usou funcionou muito bem, mas começou a “funcionar para todo mundo”. “A gente tem uma responsabilidade num agravamento do discurso público? Temos. Temos que fazer essa mea culpa. O que queremos é que os outros agentes políticos também a façam: a esquerda, a imprensa…”

Ele admite terem exagerado e, por outro lado, simplificado demais a linguagem política. “A gente polarizou, e era fácil e gostoso polarizar. Quando começaram a proliferar as camisetas do Bolsonaro e as pessoas diziam ‘mito, mito’, a ideia de infalibilidade dele, muito foi porque ajudamos a destampar uma caixa de Pandora de um discurso polarizado.”

Sobre o novo momento, afirma que não irão abdicar de seus valores, mas irão buscar uma nova cara: “Não é uma frouxeza no caráter ou nas convicções, mas uma abertura de espírito, uma paz e amor na forma de dialogar com o outro”.

Leia a íntegra da entrevista.