MC Carol publica relato sobre racismo: ‘Eu cresci com medo’

MC Carol publicou no Facebook um desabafo emocionante sobre casos em que sofreu racismo ao longo de sua vida. “Eu cresci sofrendo rascismo e gordofobia, mas o racismo sempre foi mais pesado. Eu era chamada de ‘macaca’ e ‘cabelo de Bombril’ quase todos os dias. Eu cresci com medo, medo de brancos, de entrar em ‘ambientes brancos'”, escreveu a cantora neste sábado, 16.

“Depois de tantos anos eu ainda tenho alguns receios, como entrar em um restaurante caro, por exemplo. Meu receio faz sentido, porque o racismo nunca esteve tão vivo. Talvez esteja mais indireto, mas ainda existe”, continuou a artista.

Logo no início do post, a MC lembrou o primeiro caso de racismo que viveu. Segundo ela, a situação ocorreu ainda quando era uma criança, em seu primeiro dia de aula. “Eu fui trancada no banheiro por meninas brancas. Já postei sobre isso e fui questionada por lembrar disso tão pequena, deve ser porque, quando dói muito, marca. Eu saí de casa feliz com meu avô e, quando meu avô foi me buscar, eu pedi socorro, chorando. Cheguei em casa, logo no primeiro dia, não querendo nunca mais voltar naquele lugar”, relatou.

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“Eu saí da creche da comunidade e fui para um colégio em que a maioria não era de comunidade, não vestiam roupas simples, não calçavam sapatos simples e não tinham mochilas simples iguais às minhas. Eles me olhavam com nojo, implicavam com tudo, principalmente com minha mochila e o meu cabelo”, desabafou a cantora.

MC Carol ficou na escola até a 5ª série, pois o ensino era forte, mas apenas cinco pessoas a tratavam bem no colégio, como, por exemplo, o porteiro. “Não havia quase negros naquele colégio, eu era minoria. Os poucos negros ali já tinham uma mente racista.”

A publicação veio junto de uma foto de uma das situações que a marcou, de quando uma professora propôs um desafio em que o menino e a menina que acertassem mais perguntas seriam o noivo e a noiva da festa junina da escola. A artista e outro colega loiro foram os vencedores.

“Minha vó, com todo carinho, mesmo sem dinheiro, pediu pra fazer esse vestido. eu estava muito feliz até chegar ao colégio e descobrir que o noivinho não ia aparecer, porque ele queria dançar com outra menina da sala. Como eu era a única negra da turma, eu entendi tudo”, contou. Envergonhada e triste, ela não quis mais dançar.

A MC falou, ainda, sobre a morte de Pedro Gonzaga, que foi sufocado por um segurança do Extra no Rio de Janeiro. “Isso não é coincidência, isso é racismo, e racismo mata! Não existem chacinas com meninos loiros. Homens brancos de olhos azuis não são presos e mortos porque foram confundidos. Isso é um absurdo! Nossas vidas importam! Vidas negras importam!”, finalizou.

Veja o relato completo: