Médico investigado por cárcere quer processar paciente que o acusou

"Não houve cárcere porque ela nunca foi impedida de sair", afirmou o advogado do cirurgião

A defesa do cirurgião plástico equatoriano Bolívar Guerrero Silva, preso acusado de cárcere privado, pretende processar judicialmente a paciente que o acusou, após não ser liberada do Hospital Santa Branca, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.

Médico investigado por cárcere quer processar paciente que o acusou

Daiana Chaves Cavalcanti, 36, ficou internada por complicações de um procedimento estético no abdômen.

O advogado de Bolívar, Darlan Renato, diz que não houve cárcere privado porque a Daiana não foi impedida de sair, mas teria que assinar um termo de responsabilidade caso quisesse.

“A gente entende que não houve cárcere porque ela nunca foi impedida de sair. Em determinado momento ela passou a insistir em uma alta. O Bolívar disse para ela assinar o termo de responsabilidade, ela não assinou, e então ele entendeu, clinicamente, que ela não poderia ter alta”, diz o advogado.

A prisão provisória do médico foi prorrogada pela Justiça.

A defesa entrou com pedido para que a prisão provisória não se converta em preventiva, sem prazo definido.

“Responsabilizar um médico de 32 anos de profissão, com milhares de cirurgias, por uma atitude absolutamente irresponsável da paciente será digno de uma representação contra ela. Primeiro, obviamente, nosso principal objetivo é a liberdade do médico. Mas já estamos verificando, trabalhando e pensando em que tipos nós vamos classificar a atitude dessa moça”, afirma o advogado. “O médico quer voltar ao seu labor e tem uma fila de pessoas para atender.”

Além de Daiana, outras pacientes denunciam deformações e sequelas após serem operadas pelo médico equatoriano.

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Entenda o caso

Bolívar Guerrero Silva foi detido no último dia 18 de julho quando estava no centro cirúrgico do Hospital Santa Branca, em Duque de Caxias (RJ). De acordo com a polícia, ele mantinha uma mulher em cárcere privado após ela ter complicações depois de uma cirurgia de abdominoplastia.

Daiana Cavalcanti já havia tentado ser transferida do local, porém o médico cirurgião dificultou a transferência, mesmo com duas liminares da Justiça.

Daiana estava internada desde junho desse ano no Hospital Santa Branca, e foi transferida na manhã da última quinta-feira, 21, para o Hospital Geral de Bonsucesso, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

Nesta segunda-feira, 25, após se submenter a um procedimento para remoção de tecido necrosado da parte debaixo dos seios e da barriga, Daiana deixou o CTI e já está em uma enfermaria da unidade.

“Conversei com o marido que que foi visitá-la, e ele disse que ela está se recuperando bem da cirurgia, que voltou a comer – já que tinha medo de que colocassem algo na comida dela no Santa Branca -, e que não está sentindo dor nenhuma, ao contrário da cirurgia feita no outro hospital”, contou Ornélio mota, advogado de Daiana.

Daiana ainda precisará de alguns dias no hospital para se recuperar dos procedimentos.

“Graças à ajuda do pessoal do Hospital de Bonsucesso, conseguimos salvar a vida dela, que era a nossa prioridade. Agora, ela está cuidada e tendo o atendimento adequado para o seu caso. Digo isso com base em um laudo que atestava que a Santa Branca não tinha condições de atender a Daiana nas circunstâncias em que ela se encontrava. Esse laudo foi determinante para a liminar judicial que determinava sua transferência”, disse o advogado.

Bolívar responde a pelo menos 19 processos na Justiça por erros médicos e teve sua prisão temporária mantida pela Justiça.