Menos professores, mais repressão policial: como as Olimpíadas podem aumentar a violência contra crianças de rua no Rio

Se não fossem os tiroteios frequentes perto do campo, Gabi Silva, 16 anos, podia jogar futebol o quanto quisesse. Três semanas atrás, ela e suas amigas do complexo da Penha, uma favela de 50 mil habitantes no norte do Rio, viram um garoto levar um tiro na cabeça em confronto com a polícia logo abaixo do quarteirão onde jogam.

“Foi um caos”, disse Gabi, uma adolescente tímida, num tom sério porém casual. “No final de semana, sempre tem o risco disso acontecer. Quando o tiroteio é muito grande, temos que parar de jogar e nos esconder, mas não tenho medo porque já estou acostumada.”

A secretaria de segurança diz que as pacificações não estão relacionadas com nenhum dos eventos.

A Penha é uma das dezenas de favelas do Rio que foram “pacificadas” ou ocupadas pela polícia especial. O Brasil lançou sua estratégia de ocupação em 2008, um ano depois que venceu o direito de hospedar a Copa do Mundo de 2014 e um ano antes do Rio ser escolhido como cidade-sede das Olimpíadas de 2016.

A secretaria de segurança diz que as pacificações não estão relacionadas com nenhum dos eventos. No entanto, defensores dos direitos humanos dizem que o conflito armado aumenta com a proximidade do evento esportivo, o que trará um custo particularmente alto para as crianças pobres e sem-teto. (continue lendo aqui)