#MeuProfessorAbusador: página divulga relatos de assédio e abuso dentro das salas de aula

Denúncias anônimas revelam tema ainda pouco discutido no Brasil: o lado abusivo de docentes em salas de aula

11/02/2016 17:23

“Meu professor leciona matemática em um famoso curso pré-vestibular do Rio de Janeiro. Quando fui sua aluna, percebi olhares e comentários estranhos, mas pela pouca idade não liguei… uma vez ele me chamou no facebook e fez um convite para ir ao shopping… inocente, achei que várias pessoas iriam. Chegando la, ele me enfiou em um taxi e me levou a um motel. Tentou de todas as formas abusar de mim, mas por alguma razão desistiu. Os comentários nas aulas depois desse fato eram assustadores. Depois soube que isso acontecia com diversas alunas…”

O relato de uma estudante, cuja identidade foi mantida em sigilo, não se trata de um fato isolado nas salas de aula de todo Brasil. Abuso, assédio ou manipulação são apenas algumas formas de opressão vivida, diariamente, por milhares de meninas e mulheres embora pouco se comente sobre o assunto. (70% das vítimas de estupro no Brasil são crianças e adolescentes)

Essa realidade foi o que motivou a criação do projeto “Meu Professor Abusador“, página no Facebook que divulga depoimentos de estudantes assediadas por professores.

Em poucos dias, a campanha já conta com adesão de pelo menos dois mil usuários e centenas de relatos compartilhados. “Somos mulheres que visam levantar o debate acerca dos tantos professores abusadores que lecionam Brasil afora”, enfatiza o texto de apresentação.Para participar, acesse a página e siga as orientações de divulgação.

Relatos anônimos de todo país revelam cenário de abuso nas escolas
Relatos anônimos de todo país revelam cenário de abuso nas escolas - Picasa

“Eu tinha um professor que”

A proposta, que é uma das pioneiras sobre o tema, soma-se à luta por respeito e fim do assédio nas salas de aula – a exemplo de outras iniciativas como a página “Eu tinha um professor que“, criada por seis mulheres com objetivos semelhantes.

Divulgada pelo Catraca Livre em outubro do ano passado, a página surgiu com a ideia de abrir o debate sobre assuntos como abuso e pedofilia. Relembre a matéria, clicando aqui.