Ex-mulher de juiz lembra passado de violência: 6 vezes espancada

Após denúncia feita pela ex-mulher, Caldas pediu afastamento do cargo de juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos

14/05/2018 12:02

Na última sexta-feira, 11, o juiz Roberto Caldas, presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos, foi acusado pela ex-mulher Michella Marys pelos crimes de injúria, agressão, espancamento e ameaça de morte. Sofre ainda acusação de assédio sexual a duas babás que trabalharam para a família.

Após denúncia feita pela ex-mulher, Caldas pediu afastamento do cargo de juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos
Após denúncia feita pela ex-mulher, Caldas pediu afastamento do cargo de juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos

Em entrevista ao jornal O Globo no último domingo, 13, a estudante de Direito relembrou os 13 anos em que esteve junto com Caldas, ao lado da filha, de 17 anos, e dos dois filhos do casal, de 12 e 8 anos. Na conversa, ela fez questão de ressaltar que este foi o melhor Dia das Mães de sua vida.

Michella, a exemplo de milhares de mulheres que, diariamente, são vítimas de agressão no Brasil, é retrato de um cenário de impunidade e omissão de direitos. Uma a cada 100 mulheres vai à Justiça contra a violência doméstica no Brasil, segundo dados da Conselho Nacional de Justiça.

Na conversa, ela revisita um passado marcado por humilhações, agressões verbais, injúria e espancamentos – inclusive quando estava grávida do segundo filho do casal. “Fui espancada umas seis vezes, numa delas, grávida do nosso segundo filho. Ele puxou meu cabelo, me empurrou de uma escada de três degraus e deu chutes na minha barriga. Passei vários dias com dores. Quando fiz o exame estava com um hematoma no útero. Passei a gravidez na cadeira de rodas”.

Questionada sobre o silêncio de todos estes anos, Michella ressaltou um fator comum em casos de agressão contra mulheres no Brasil: a falta de apoio e omissão das autoridades. “Eu estava ao lado de uma pessoa que tinha um nome muito forte não só no Brasil mas no exterior, com muita influência jurídica, econômica e política. Quem iria acreditar em mim? Toda vez que o Roberto me batia ele dizia: “Vamos para a delegacia para você prestar queixa. Quero ver se vão acreditar em você”. Ele dizia que era juiz. Dizia que ia tomar os meus filhos”. Confira a entrevista na íntegra no site do jornal O Globo. 

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