Ministro nega Bolsonaro e diz que dados do INPE não são mentirosos
Marcos Pontes negou que as alterações no sistema de controle de derrubada de arvores passará por um filtro antes de serem divulgados publicamente
O Ministro da Ciência e Tecnologia Marcos Pontes contrariou Bolsonaro e afirmou que os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) não eram mentirosos.
Segundo Pontes os dados não estão incorretos, mas precisam ser melhorados com um sistema mais atual. Ele comentou a demissão do diretor do INPE, Ricardo Galvão. Disse que não tinha mais clima para mantê-lo no órgão porque ele fez críticas diretas ao presidente. Falou ainda que se Ricardo tivesse o procurado antes a situação poderia ter sido resolvida de forma diferente.
O ministro explicou que a mudança no sistema de monitoramento do desmatamento foi feita pelo próprio Ibama, o pedido foi feito pelo instituto de proteção ambiental, e disse que os satélites deverão monitorar os dados para detalhar o que é desmatamento ilegal. Ele negou que as alterações no sistema de controle de derrubada de arvores passará por um filtro antes de serem divulgados.
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“O tipo de dados, como vai ser feita a entrega desses dados depende do Ibama, talvez a gente faça como era feito até o ano passado, entregar os dados primeiro para o Ibama para que ele tenha tempo de ação e depois de cinco dias comunicar, ou vai ser feito diretamente na pasta, com transparência isso é importante, mas os dados do desmatamento estão aí. Pode ser 20%, pode ser 2000%, o fato é que temos que trabalhar na redução desse desmatamento”, afirmou Pontes.
O ministro elogiou Ricardo Galvão, disse que ele é um dos melhores da área e que tem todo respeito pelo trabalho desenvolvido e nomeou Darcton Policarpo Damião como diretor interino do Inpe após as rusgas entre o então diretor do instituto e Bolsonaro.
Entenda o caso
Em 19 de julho, Bolsonaro questiona dados de desmatamento do Inpe e diz que Ricardo Galvão poderia estar a “serviço de alguma ONG”. O presidente diz que conversaria com o diretor do Inpe.
No dia seguinte, 20 de julho, Ricardo Galvão fala ao ‘Jornal Nacional’ que Bolsonaro “tem um comportamento como se estivesse em botequim” e que os ataques são como “uma piada de um garoto de 14 anos que não cabe a um presidente da República fazer”.
21 de julho
Bolsonaro recua, diz que não falará com Ricardo Galvão e que não quer propaganda negativa do Brasil. Já o diretor do INPE diz que poderia até ser demitido, mas que o instituto não poderia ser atingido.
Diretores de institutos de pesquisa entregam carta ao ministro Marcos Pontes (Ciência) pedindo que ele interceda junto a Bolsonaro por Galvão e pelos dados de desmate
22 de julho
Bolsonaro diz que querer receber os dados antes da publicação, para não ser “pego de calças curtas”.
26 de julho
Durante reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Pontes defende que dados do desmate não sejam divulgados como ocorre hoje. Os dados são públicos e podem ser acessados por qualquer cidadão
31 de julho
Reunião entre Ricardo Salles (ministro do Meio Ambiente), Pontes e representantes do Ibama e do Inpe. Galvão participaria, mas é desconvidado de última hora. Salles diz que dados do Inpe não são corretos e que instituto reconhece o problema. Inpe nega afirmação
1º de agosto
Em entrevista coletiva com Salles, Ernesto Araújo e com o ministro-chefe do GSI, general Augusto Heleno, Bolsonaro diz que dados do desmatamento foram “espancados” para “atingir o nome do Brasil e do atual governo”. Presidente diz que vai contratar empresa para fazer monitoramento.
2 de agosto
Galvão é exonerado por Pontes. Em rede social, ministro agradece Galvão e encerra mensagem com “abraços espaciais”.