Morador denuncia ‘gente degolada’ e PM considera ação no Salgueiro ‘necessária’
"Tem gente torturada, gente esfaqueada, sem dedo. Tem gente degolada. Não vieram pra prender ninguém, vieram pra matar", denunciou um morador
Morador do Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ), denunciou nesta segunda-feira, 22, que viu “gente degolada” e com sinais de tortura, entre os mortos decorrentes de uma ação policial na região. Enquanto isso, a Polícia Militar do Rio de Janeiro, declarou que considerou a ação necessária.
Segundo os moradores do Complexo do Salgueiro, pelo menos 8 corpos foram retirados de uma área de mangue da região na manhã desta segunda-feira.
Durante o final de semana, políciais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) realizaram uma operação no local contra o tráfico de drogas. Um policial militar foi ferido e acabou morrendo no hospital.
“Tem gente torturada, gente esfaqueada, sem dedo. Tem gente degolada. Não vieram pra prender ninguém, vieram pra matar. E foi isso que eles fizeram. Eles mataram”, afirmou um morador ao portal Metrópoles, que também afirmou haver outros desaparecidos na comunidade. “Tem mais uns 15 desaparecidos. Tem muitos desaparecidos.”
“Eles (os policiais) pegaram o meu primo dentro de casa. Levaram ele. E aí foi encontrado hoje dentro do mangue. O corpo dele foi retirado pelos moradores”, contou o parente de uma das vítimas ao portal Metrópoles.
Com a repercussão das denúncias, a Polícia Militar se manifestou.
“Foi uma ação necessária. Quando a topa convencional não consegue resolver aquela questão, há necessidade de acionar uma tropa de operações especiais. No caso o Bope foi a tropa adequada naquele momento e terreno. Tinha a tropa do 7º Batalhão lidando com a morte de um companheiro de trabalho e emocionalmente envolvida. Então foram retirados totalmente do terreno para que outra tropa, mais habilitada para o confronto em área de mata fosse empregada”, afirmou o Segundo o tenente-coronel Ivan Blaz, porta-voz da corporação.
Ainda de acordo com a PM, o Bope foi acionado logo após do sargento da PM Leandro Rumbelsperger da Silva, de 40 anos, ser morto durante a aperação.
A Polícia Civil investiga se não houve erro dos policiais em não acionar a Delegacia de Hominídios após os contfrontos. A PM alega que chegou a registrar uma ocorrência na 72ª DP (São Gonçalo), ainda no domingo.
De acordo com a PM, o Ministério Público tinha conhecimento da operação. A corporação ainda afirmou que a ação estava prevista nos casos de excepicionalidade estipulados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para permitir ações dentro de comunidades no Rio, durante a pandemia.
A Corregedoria da Polícia Militar investiga a conduta dos políciais envolvidos na ação.