Morre quarta vítima de ataques a escolas de Aracruz

Professora tinha 38 anos e lecionava na Escola Estadual Plínio Biriti

Conteúdo por Agência Brasil
26/11/2022 18:34

Morreu neste sábado, 26, mais uma vítima do ataque de um adolescente de 16 anos contra duas escolas no distrito de Coqueiral, em Aracruz (ES), na manhã da última sexta-feira, 25. A professora Flávia Amboss Merçon, de 38 anos, estava internada em estado grave, atingida por disparos feitos pelo adolescente.

Ataque a escolas no ES deixou 4 mortos
Ataque a escolas no ES deixou 4 mortos - Reprodução

Flávia lecionava na Escola Estadual Plínio Bitti, onde o atirador arrombou o cadeado de um dos acessos e fez disparos na sala dos professores, provocando duas mortes na hora e deixando vários feridos.

Ao todo, quatro pessoas morreram, três professoras e uma estudante. Cinco pessoas permanecem internadas, uma mulher de 52 anos e uma de 45 anos, que estão em estado grave; uma mulher de 58 anos, que passou por cirurgia e está estável; um menino de 11 e uma menina de 14, que passaram por cirurgia e estão em estado grave.

Os corpos de duas professoras e da estudante foram velados na manhã deste sábado em Aracruz.

No Twitter, o governador Renato Casagrande lamentou mais esta morte.

“Infelizmente a tragédia em Aracruz ainda não chegou ao fim. Com profundo pesar confirmamos o falecimento de mais uma vítima, a professora Flávia Amboss Merçon, de apenas 38 anos. Nosso abraço solidário à família e aos amigos”.

Ataque

A ação do adolescente teve início por volta das 9h30 desta sexta-feira e começou pela Escola Estadual Primo Bitti, onde ele arrombou o cadeado de um dos acessos e fez disparos na sala dos professores. Em seguida, o atirador entrou em um carro e se dirigiu ao Centro Educacional Praia de Coqueiral, uma instituição privada. No local, efetuou novos disparos, tirando a vida de uma aluna e ferindo outras vítimas.

Momento em que o assassino que atacou escolas é preso em AracruzO adolescente usou duas armas de responsabilidade do pai: um revólver de calibre .38, de propriedade privada e uma pistola .40 pertencente à Polícia Militar. Ele também levava três carregadores. O governador Renato Casagrande confirmou que, no momento do crime, o adolescente usava uma braçadeira com um símbolo nazista.

Imagens das câmeras de segurança registraram a ação. O atirador vestia roupa camuflada e uma máscara de esqueleto, similar à usada em fotos nas redes sociais por um dos autores do massacre ocorrido em 2019 na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, São Paulo.

Segundo a Polícia Civil, o adolescente é ex-aluno da Escola Estadual Primo Bitti, onde estudou até junho deste ano. A família o transferiu para outra instituição, mas a razão ainda não foi esclarecida.

Ainda de acordo com a Polícia Civil, durante a apreensão, o adolescente não explicou por que fez os ataques. O delegado João Francisco Filho disse que ele estava tranquilo e não manifestou arrependimento. A apuração preliminar apontou que ele fazia tratamento psiquiátrico.

O ataque a duas escolas deixou quatro mortos e outros 12 feridos em Aracruz
O ataque a duas escolas deixou quatro mortos e outros 12 feridos em Aracruz - Reprodução

A Polícia Civil trabalha com a hipótese de que o adolescente não tinha um alvo definido e que ele pode ter agido sob estímulo de grupos extremistas, que se organizam de forma virtual dentro e fora do Brasil.

Para Renato Casagrande, a sociedade precisa estar mais atenta aos problemas de saúde mental. Ele pediu que as pessoas fiquem atentas ao comportamento de filhos, netos e irmãos, para que possam identificar situações em que seja necessária ajuda profissional. Considerou ainda que a comunidade escolar também deve estar vigilante.

O governador manifestou resistência a medidas que busquem dificultar o acesso às escolas ampliando as grades e os muros. “Escola não é para isso. Escola é para educar, para formar pessoas, para poder conviver com quem pensa diferente. Então os sinais de problemas de saúde mental são sinais que precisam receber atenção”, reiterou.