Mortos Vivos: ensaio questiona desumanização de pessoas em situação de rua
O artista brasileiro Daniel Lefevre, de 36 anos, viveu maior parte da sua vida na Europa e se assustou ao voltar para o país depois de tanto tempo fora. Ele se chocou com algo que deveria chocar a todos nós: a maneira desumana com a qual a sociedade brasileira trata pessoas em situação de rua.
“A gente não enxerga, passa por cima, não pergunta se eles precisam de ajuda, sequer sabemos se eles estão vivos”, diz Lefevre. Daí surgiu a inspiração para o ensaio “Mortos Vivos”, que retrata a falta de humanidade dessa condição.
Confira algumas das imagens.
“Fui estudar isso a fundo e vi que eles são privados justamente das coisas que nos definem como humanos, como o pensamento complexo, a cultura, a identidade e o direito à privacidade. Ao tirar essas qualidades dos moradores de rua, não nos sensibilizamos com a dor deles.”
O trabalho inspirou um projeto artístico que foi desenvolvido em um mestrado em Barcelona, no qual Daniel busca reumanizar pessoas em situação de rua por meio da arte. “Eles podem escolher músicas, poesias, filmes, o que quiserem. Usamos isso como ponto de partida para tentar devolver, ainda que por um período curto de tempo, a condição humana dessas pessoas”, explica. O resultado são os vídeos “Lendas Urbanas”.
Enquanto a série Mortos Vivos retrata a desumanização, esse último projeto busca justamente resgatar a condição humana dos moradores de rua. A ideia é criar um site para reunir o material que já foi produzido em Barcelona e desenvolver novos vídeos com brasileiros, que serão financiados por crowdfunding.
O site irá disponibilizar ainda a entrevista e o making off do processo de criação artística. A plataforma irá trazer também um questionário para que o leitor identifique as emoções geradas a partir do contato com essa população e as características humanas identificadas pelo projeto Lendas Urbanas.