Movimentos buscam eleger mais mulheres nas eleições de 2018
Embora representem 52,5% do eleitorado brasileiro, as mulheres ainda têm pouco destaque na política
Embora representem 52,5% do eleitorado brasileiro, as mulheres ainda têm pouco destaque na política. A cada 10 candidatos das eleições deste ano, apenas 3 são mulheres, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A proporção de 30,7% diminuiu desde as últimas eleições presidenciais, em 2014, em que 31,1% dos candidatos eram mulheres.
Desde 1997, a lei eleitoral exige que os partidos e as coligações respeitem a cota mínima de 30% de mulheres na lista de candidatos para a Câmara dos Deputados, a Câmara Legislativa, as Assembleias Legislativas e as Câmaras municipais. Em 2018, este número precisa ser seguido para as coligações de deputados estaduais, federais e distritais. No entanto, mesmo com a legislação, partidos e coligações registraram chapas com menos de 30% de mulheres. Por isso, coligações inteiras foram contestadas ou notificadas a ajustar o mais rápido possível a composição.
Com o objetivo de eleger mais mulheres e aumentar a representatividade na política, a arquiteta e urbanista Duda Alcantara (candidata à Deputada Federal pela REDE) e a administradora Marina Helou (candidata à Deputada Estadual pelo mesmo partido) lançaram a iniciativa suprapartidária Vote Nelas na última terça-feira, dia 28. A dupla ganhou o reforço de outras 9 mulheres, que trabalham de forma voluntária para ampliar o alcance do movimento.
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A campanha pretende dar visibilidade a quatro candidatas a deputada estadual e deputada federal, de diferentes partidos e ideologias, em cada estado do país, escolhidas de acordo com critérios como a busca pela representatividade, seja pela questão racial, visão política, pauta e identidade de gênero. Além de Duda e Marina, participam do Vote Nelas: Carla Mayumi, Maísa Diniz, Erika Romay Flores, Gisele Agnelli, Julia Piva, Drica Guzzi, Adriana Mendes, Amanda Brito e Karolina Bergamo.
À Catraca Livre, as integrantes explicaram que a escolha das candidatas foi feita a partir de uma pesquisa orgânica em suas redes. “Definimos critérios de escolha, como raça (priorizando mulheres negras e indígenas), representatividade LBTQI+ (lésbicas, bissexuais e trans), pessoas com deficiência, pluralidade político-partidária (Do NOVO ao PSOL), trajetória política (priorizamos mulheres que estão ingressando na política e não possuem muita visibilidade) e respeito à democracia e aos direitos humanos”, afirmam. Dentro destes critérios, o grupo optou por apenas quatro nomes por estado para garantir maior visibilidade dentro da plataforma.
De acordo com o Vote Nelas, a ideia é integrar mulheres de visões políticas distintas, mas que respeitem a democracia e os direitos humanos. “No começo do século passado, lutamos para votar. Agora, nossa luta é para sermos votadas, independente do partido”, reiteram. Além de fortalecer a campanha das candidatas selecionadas, o coletivo vai apoiar outras iniciativas que buscam aumentar a participação feminina na política.
“Enquanto não estivermos lá [na política], decisões sobre nossa vida, nossos corpos e nosso futuro continuarão a ser tomadas sem levar em consideração nossa vivência. Nossas causas são nossas. Precisamos defendê-las. Os direitos das mulheres só serão pautados se chegarmos lá, onde as decisões políticas são tomadas. E isso só vai acontecer se formos, em grande quantidade, as Governadoras, Juízas, Prefeitas, Senadoras, Ministras, Deputadas e Vereadoras do nosso país”, finalizam.
Confira as propostas do movimento.
Campanhas
Além do Vote Nelas, outras campanhas feministas, com foco em partidos de esquerda, foram criadas com o mesmo intuito: colocar mais mulheres no poder.
- Meu Voto Será Feminista
A primeira delas, chamada Meu Voto Será Feminista, organizada pelo coletivo PartidA, é uma ação que busca ocupar a política com, para e por mulheres feministas. “A violência cotidiana e ausência de direitos reais e simbólicos para as mulheres, especialmente para as negras, periféricas, indígenas e LBT, é fruto dessa ausência nas câmaras estaduais e federais, no senado, nas prefeituras e nos governos estaduais e na presidência”, diz sua descrição.
À Catraca, o grupo contou que a proposta nasceu de uma “urgência por mudança, da percepção de que o modelo de política brasileiro é antidemocrático, perverso e formatado a partir de eficientes mecanismos que perpetuam pessoas-empresa no poder, mantêm o estado de coisas estruturado na desigualdade”.
Até o momento, a campanha está apoiando 50 candidatas, mas este número é crescente. Embora a PartidA seja suprapartidária, é um movimento orientado à esquerda. “Não nos interessa o voto numa mulher que defenda reformas políticas e trabalhistas que só aumentam as desigualdades, por exemplo, ou que vote contra o direito da mulher de decidir sobre seu corpo e sua vida.”
Quer conhecer mais sobre as candidatas? Clique aqui.
- Campanha de Mulher
Outra ação, idealizada pela Mídia NINJA, é a Campanha de Mulher, que também busca apoiar candidatas em 2018. O objetivo é dar suporte operativo (design, fotografia, audiovisual, assessoria de imprensa e redes sociais) para campanhas escolhidas via edital e, assim, romper com a ideia de que mulheres não pertencem à política.
“A legislação, os partidos, a sociedade – tudo isso faz parte de uma estrutura que impede que mulheres sejam eleitas e se candidatem. Em 2016, mulheres negras não chegaram a 1% de candidaturas para Prefeitura e foram 14,2% das candidatas a vereança. Atualmente, apenas 1 mulher negra legisla no Senado Federal. Os números quando falamos de mulheres lésbicas, trans e indígenas, caem para praticamente zero. Por isso juntas vamos provar que Política é coisa de Mulher”, ressalta o coletivo no site.
Saiba mais sobre as candidatas neste link e assista ao vídeo abaixo: