MP do RJ denuncia pastora que pregou contra comunidade LGBTQIA+
Promotoria alega que Kakau Cordeiro incitou preconceito e discriminação
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou a pastora Karla Cordeiro dos Santos Tedim, conhecida como Kakau Cordeiro, por “praticar, induzir e incitar o preconceito e a discriminação contra as pessoas de cor preta e aquelas pertencentes à comunidade LGBTQIA+”.
No início do mês, circulou nas redes sociais um vídeo em que a religiosa pede que os fiéis parem de postar coisas “de gente preta, de gay”.
O vídeo foi divulgado no canal oficial do grupo jovem da Igreja Sara Nossa Terra, mas foi excluída com a repercussão do caso. A gravação foi feita em 31 de julho durante um culto na Igreja Sara Nossa Terra em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio.
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“É um absurdo pessoas cristãs levantando bandeiras políticas, bandeiras de pessoas pretas, bandeiras de LGBTQIA+, sei lá quantos símbolos tem isso aí. É uma vergonha, desculpa falar, mas chega de mentiras, eu não vou viver mais de mentiras. É uma vergonha. A nossa bandeira é Jeová em si. É Jesus Cristo. Ele é a nossa bandeira. Para de querer ficar postando coisa de gente preta, de gay, para! Posta palavra de Deus que transforma vidas. Vira crente, se transforma, se converta!”, disse a pastora durante o culto.
Para o MP-RJ, Karla praticou crime “violador da dignidade da pessoa humana, princípio fundamental da Constituição da República”, o que fez com que a Justiça não propusesse acordo para que ela deixasse de ser julgada.
“Karla agiu com menoscabo e preconceito contra lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, queers, intersexuais, assexuais, não binários e pessoas com orientação sexual e identidade de gênero diversas, ao zombar da sigla representativa da comunidade que os agrega”, diz um trecho da denúncia.
Pedido de desculpas
Após repercussão das falas racistas e homofóbicas, a pastora Karla Cordeiro publicou uma nota de retratação nas redes sociais, afirmando que não era a intenção dela praticar nenhum ato discriminatório.
“A minha intenção era de afirmar a necessidade de focarmos em Jesus Cristo e reproduzirmos seus ensinamentos, amando os necessitados e os carentes. Principalmente as pessoas que estão sofrendo tanto na pandemia. Fui descuidada na forma que falei e estou aqui pedindo desculpas”, disse.