Mulher é torturada com soco inglês e cassetete por 3 dias pelo namorado
A jornalista, de 37 anos, conseguiu fugir e foi até a delegacia. Fred Henrique Lima Moreira foi preso
Uma mulher, de 37 anos, jornalista, foi mantida em cárcere privado, no apartamento do namorado, em Copacabana, na zona Sul do Rio de Janeiro, durante três dias sendo torturada com um soco inglês e um cassetete pelo parceiro. Fred Henrique Lima Moreira foi detido e cumpre prisão temporária acusado de tentativa de feminicídio, estupro, cárcere privado e tortura. As informações são do portal UOL.
A jornalista foi até a casa do namorado, na zona Sul do Rio, no último dia 26, e após ouvir acusações de infidelidade foi agredida por um cassetete nas pernas, nas costas e na cabeça, chegando a desmaiar.
De acordo com a delegada Natacha Alves de Oliveira, o casal mantinha um relacionamento há cerca de oito meses e, neste período, já haviam acontecido outras agressões. Em dezembro, ela contou ter sido agredida, mas não prestou queixa na época.
Em depoimento, a mulher contou que tentou gritar para pedir ajuda, mas foi golpeada pelo namorado. Ela fraturou o maxilar, o que a impedia de falar e comer.
A jornalista não desistiu e nas outras vezes que tentou fugir, o namorado lhe aplicava um “mata-leão”. No terceiro dia, em uma das tentativas, o suspeito a teria agarrado pelos cabelos e a jogado no chão.
A vítima sofreu traumatismo craniano, fratura da mandíbula e apresentava vários hematomas pelo corpo.
Ainda no terceiro dia, a mulher se aproveitou de um momento de distração do namorado, em que a porta foi esquecida aberta, e conseguiu fugir, no último dia 29. A jornalista seguiu direto para a delegacia de Copacabana para registrar um boletim de ocorrência.
A vítima contou no depoimento que o ex-namorado alegava ter sofrido muito na infância para justificar o seu “descontrole e a agressão”
Fred foi preso ontem na Rua Barata Ribeiro sem oferecer resistência. Em sua casa foram apreendidos o cassetete, o soco inglês e também um simulacro de pistola, armas que foram reconhecidas pela mulher.
A polícia descreveu Fred como “um homem altamente perigoso tendo uma extensa relação de anotações criminais”. Ele tem três anotações de violência doméstica, envolvimento com tráfico de drogas, associação ao tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, ameaça, resistência, dentre outros crimes.
Feminicídio
No Brasil, três mulheres são assassinadas por dia. A cada dois segundos, uma mulher é agredida no país. Quase 80% dos casos, os agressores são o atual ou o ex-companheiro, que não se conformam com o fim do relacionamento.
Feminicídio é o homicídio praticado contra a mulher em decorrência do fato de ela ser mulher ou em decorrência de violência doméstica.
Quando o assassinato de uma mulher é decorrente, por exemplo, de latrocínio (roubo seguido de morte) ou de uma briga entre desconhecidos ou é praticado por outra mulher, não há a configuração de feminicídio.
A lei 13.104/15, mais conhecida como Lei do Feminicídio, alterou o Código Penal brasileiro, incluindo como qualificador do crime de homicídio o feminicídio.
Também houve alteração na lei que abriga os crimes hediondos (lei nº 8.072/90). Essa mudança resultou na necessidade de se formar um Tribunal do Júri, ou o conhecido júri popular, para julgar os réus de feminicídio.
Saiba onde e como denunciar:
-
Disque 100
O serviço pode ser considerado como “pronto socorro” dos direitos humanos pois atende também graves situações de violações que acabaram de ocorrer ou que ainda estão em curso, acionando os órgãos competentes, possibilitando o flagrante. O Disque 100 funciona diariamente, 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados.
As ligações podem ser feitas de todo o Brasil por meio de discagem gratuita, de qualquer terminal telefônico fixo ou móvel (celular), bastando discar 100.
-
Polícia Militar (190)
A vítima ou a testemunha pode procurar uma delegacia comum, onde deve ter prioridade no atendimento ou mesmo pedir ajuda por meio do telefone 190. Nesse caso, vai uma viatura da Polícia Militar até o local. Havendo flagrante da ameaça ou agressão, o homem é levado à delegacia, registra-se a ocorrência, ouve-se a vítima e as testemunhas. Na audiência de custódia, o juiz decide se ele ficará preso ou será posto em liberdade.
-
Defensoria Pública
No caso de violência doméstica, a Defensoria Pública pode auxiliar a vítima pedindo uma medida protetiva a um juiz ou juíza. Essa medida de urgência inclui o afastamento do agressor do lar ou local de convivência com a vítima; a fixação de limite mínimo de distância de que o agressor fica proibido de ultrapassar em relação à vítima; a proibição de o agressor entrar em contato com a vítima, seus familiares e testemunhas por qualquer meio; a suspensão da posse ou restrição do porte de armas, se for o caso; a restrição ou suspensão de visitas do agressor aos filhos menores; entre outras, como pedidos de divórcio, pensão alimentícia e encaminhamento psicossocial.
-
Delegacia da Mulher
Um levantamento feito pelo portal Gênero e Número, mostra que existem apenas 21 delegacias especializadas no atendimento às mulheres com funcionamento 24 horas em todo o país. Dessas, só São Paulo e Rio de Janeiro possuem delegacias fora das capitais.