Mulher que teve sua mãos decepadas pelo ex-marido ganha próteses
Esse era o maior sonho de Geziane Buriola da Silva: voltar a realizar simples tarefas do dia a dia e cuidar dos filhos
Geziane Buriola da Silva, 33, teve as mãos decepadas pelo seu ex-marido ao tentar se defender da agressão com um facão. E hoje realiza o sonho de, finalmente, ter duas próteses para os braços.
A tentativa de feminicídio ocorreu no dia 10 de abril de 2017, em Campo Novo do Parecis, a 397 quilômetros de Cuiabá (MT).
A diarista conseguiu as próteses graças a uma vaquinha na internet, que arrecadou R$ 114.858. “É uma felicidade sem explicação. Tenho tanta vontade de pentear meu cabelo e assinar meu nome sozinha. Agora vou poder fazer isso”, disse ela, segundo o site Universa.
Com o dinheiro foram compradas duas próteses e duas luvas de silicone. A mobilização partiu do site VOAA, plataforma de doações criada pelo portal Razões para Acreditar.
As próteses contam com tecnologia mioelétrica, capaz de responder movimentos dos músculos do braço. A previsão é de que ela as receba até o fim de janeiro de 2020 e assim iniciar o processo de fisioterapia.
“Em me sinto muito feliz em saber que gente de todo lugar me ajudou. No mês que vem vou experimentar a prótese e fazer fisioterapia para me adaptar a ela. Se tudo ocorrer bem, vou usar diariamente”, contou.
Agora, ela poderá voltar a realizar tarefas simples do dia dia e cuidar dos filhos . “Pretendo escrever meu nome em uma nova identidade. Atualmente, quem assina por mim é minha mãe. Também quero arrumar os meus cabelos, arrumar minha casa, fazer comida.”
CRIME
O ex-marido de Geziane, o operador de máquinas Jair da Costa, 32, está preso e cumpre pena de 16 anos por tentativa de feminicídio. À polícia, o criminoso alegou que saiu para beber com os amigos e, ao chegar em casa, teria encontrado a mulher com outro homem.
Com ciúmes, ele a teria agredido. A mulher, então, tentou correr para a rua e foi atacada pelo facão. Ao tentar proteger o rosto com as mãos, elas foram cortadas. O homem foi agredido e imobilizado até a chegada da Polícia Militar.
Em decorrência da violência, Geziane precisou passar mais de 20 dias internada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ela teve ferimentos na perna, braços, rosto e cabeça.
Campanha #ElaNãoPediu
Nenhuma mulher “pede”para apanhar. A culpa nunca é da vítima. A campanha #ElaNãoPediu, da Catraca Livre, tem como objetivo fortalecer o enfrentamento da violência doméstica no Brasil, por meio de conteúdos e também ao facilitar o acesso à rede de apoio existente, potencializando iniciativas reconhecidas. Conheça a nossa plataforma exclusiva.
Os números são impactantes: pesquisas mostram o crescimento de vítimas de feminicídio e agressões contra mulheres a cada ano no Brasil. De 2017 para 2018, por exemplo, a alta de feminicídios foi de 4%.
Em 2017, mais de 221 mil mulheres procuraram delegacias de polícia para registrar agressões em decorrência de um problema social complexo, bastante conhecido, mas pouco debatido: a violência doméstica.
Os dados são do Atlas da Violência e do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2019. Esse tipo de violência atinge principalmente mulheres negras, mas também faz entre suas vítimas mulheres brancas, indígenas, pardas, amarelas. Não faz distinção entre adultas, idosas, jovens e crianças, nem entre mulheres cis ou trans, e héteros, lésbicas ou bissexuais.