Mulher relata assédio de tatuador, suspeito de importunar mais 15

Os relatos são tristes: "Ele apoiou a parte do lado da mão bem em cima da minha vagina e começou a tatuar"

01/04/2019 09:07

Casos de assédio sexual divulgados pelo Fantástico na noite deste domingo, 31 de março, viralizou nas redes sociais. O tatuador Leandro Caldeira Alves Pereira, de 44 anos, foi preso após 15 mulheres formalizarem denúncia contra ele na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Belo Horizonte (MG). O acusado se diz inocente.

Uma delas relatou ao Fantástico como foi o abuso sexual que sofreu. Ela o procurou para cobrir uma cicatriz na barriga, mas foi informada por ele que seria preciso tirar a calcinha antes do procedimento.

Tatuador é acusado de assédio sexual por 15 mulheres
Tatuador é acusado de assédio sexual por 15 mulheres - reprodução/TV Globo

“Ele perguntou se eu poderia tirar a calcinha. Eu achei um pouco estranho e falei: ‘mas não dá só pra eu abaixar?’ Ele: ‘seria melhor se você tirasse’. Eu não duvidei. E eu tirei a calcinha. Ele apoiou a parte do lado da mão bem em cima da minha vagina e começou a tatuar”, contou ela.

O assédio teria acontecido em 2016. A vítima contou que a sessão durou quatro horas, e foi alertada por uma amiga, mas em princípio negou. “(A amiga disse) ‘você foi claramente abusada.’ Aí eu: ‘não! Eu? Não! Não fui. Não fui, ele é famoso, nada a ver’. A gente não tá preparada. A gente não sabe o que é abuso ainda.”, conta.

Uma outra mulher que relatou o assédio ao Fantástico conta que foi impedida por Leandro de acompanhar a filha, então com 16 anos, durante uma sessão de tatuagem. A jovem também diz ter sido abusada.

“Ele não deixou eu subir com ela para lá. Mas como a gente tinha uma confiança. Eu falei: ‘não, tá tudo bem, tudo tranquilo’.”

Na segunda sessão, a mãe diz que acompanhou a filha: “Ele colocou o braço dela nas pernas dele e ela falou que sentiu ele se masturbando com a mão dela. Eu estava junto. Pra você ver como ele é tão sutil. Do lado, eu não percebi.”

Leandro vai responder pelo crime de violação sexual mediante fraude. Segundo a delegada Larissa Mascotte, da Polícia Civil de Minas Gerais, as provas contra o tatuador até agora são contundentes.

Mais relatos

Após reportagem do Fantástico, mais vítimas procuraram a Polícia Civil e a ativista Duda Salabert para denunciar o tatuador. De acordo com a delegada Larissa Mascotte, responsável pela investigação, mais mulheres entraram em contato com a polícia e uma delas deve ser ouvida nesta segunda.

Duda Salabert publicou no Instagram nesta segunda-feira, 1º, novos relatos de abuso enviados a ela. “Aconteceu comigo também! Ele foi fazer o desenho nas minhas costas e o membro dele ficava na minha cara grande parte do tempo”, escreveu uma das mulheres.

“Eu sou mais uma vítima dele! Infelizmente, minha tatuagem, que era para marcar algo com significado da minha fé, se tornou a marca mais feia do meu corpo”, contou outra.

Em mais um depoimento, a vítima, que não mora em Belo Horizonte, disse que em 2007, aos 17 anos, conheceu Leandro através de um amigo. O tatuador afirmou que faria o desenho nela mesmo sem a autorização da mãe e indicou que ela tatuasse em um lugar do corpo mais escondido, como virilha ou cóccix.

A jovem foi até o estúdio e pediu que a tattoo fosse feita no pescoço, mas o homem teria pedido para ela ficar só de calcinha. “Cheguei lá e ele queria colar os decalques em mim. Disse que ia ficar melhor na virilha. Aí quis testar na nuca e ele só falava na virilha, até que percebi que ele estava excitado, porque dava pra ver na calça. Ele insistia muito, eu só tinha 17 anos, me senti coagida, ele então me fez tirar a calça para colar o decalque”, completou.

Veja abaixo os relatos: