Maioria com ensino superior no país, mulheres ainda ganham menos
A igualdade de gênero é uma luta diária, mas uma conquista ainda distante para as mulheres em todo o mundo. No mercado de trabalho, por exemplo, a diferença entre homens e mulheres, em vários aspectos, fica evidente.
Mesmo em número maior entre as pessoas com ensino superior completo, as mulheres ainda enfrentam a desigualdade. É o que mostra a pesquisa Estatísticas de Gênero: Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Baseando-se na população com 25 anos ou mais, em 2016, ficou comprovado que 23,5% das mulheres têm ensino superior completo enquanto, entre os homens, a porcentagem é 20,7%.
Entretanto, as mulheres ganham, em média, 75% do que os homens ganham. Ou seja, as mulheres têm rendimento habitual médio mensal de todos os trabalhos no valor de R$ 1.764, enquanto os homens, R$ 2.306.
A pesquisa levanta um conjunto de informações sobre as condições de vida das brasileiras com base em recomendações da ONU, agrupadas em cinco temas: estruturas econômicas e acesso a recursos, educação, saúde e serviços relacionados, vida pública e tomada de decisões, e direitos humanos de mulheres e crianças.
A vantagem em relação à educação pode se justificar por uma necessidade de a mulher precisar se provar mais profissionalmente, já que as empresas têm resistência em contratá-las. As mulheres com filhos ou em idade fértil representam mais gasto para a empresa e menor rendimento, sobretudo se no comparativo com os homens.
“Mas não é só isso, 40% das mulheres são chefes de família e têm buscado melhores oportunidades de colocação por esta via”, defendeu à Agência Brasil Evelin Fomin, jornalista especialista em estudo de gênero, mídia e cultura e idealizadora do projeto SomosMuchas, uma plataforma de avaliação do ambiente de trabalho das empresas pelas mulheres.
A pesquisa também destaca que as mulheres estão em desvantagem na tomada de decisões no trabalho, ocupando apenas 37,8% das posições gerenciais. Já o tempo dedicado aos cuidados com filhos, idosos e com a casa também é bem discrepante: 18,1 horas semanais delas contra 10,5 dos homens.
No âmbito político, a falta de representatividade feminina também é marcante. Em um ranking da organização Inter-Parliamentary Union (IPU), o Brasil ocupou a 152ª posição entre 190 países no que diz respeito ao percentual de cadeiras na câmara de deputados ocupadas por mulheres. Em dezembro de 2017, dos 28 cargos de ministro, apenas dois eram ocupados por mulheres.
- Gênero e Cor
No Brasil, não só o gênero que é determinante para as condições desiguais. Somado a isso, entra sobretudo a questão racial e também outras barreiras como deficiência e local de residência (centros, periferias e zonas rurais).
Entre as próprias mulheres, as desigualdades são marcantes. As brancas alcançam superior completo em proporção duas vezes maior que as pretas ou pardas.
Além disso, ainda de acordo com o estudo, as mulheres pretas ou pardas dedicam 18,6 horas semanais para cuidados de pessoas ou afazeres domésticos, contra 17,7 horas entre as mulheres brancas.
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