Mulheres usam redação do Enem para relatar casos de violência
O MEC vai publicar orientações para que as vítimas possam procurar o Ligue 180
Do total de mulheres que escreveram a redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2015, 55 deram relatos “contundentes”, como vítimas ou testemunhas, sobre o tema violência contra a mulher. Os depoimentos foram identificados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Neste ano, o tema da redação foi “a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”. Diante dos relatos, o MEC informou que, para preservar a privacidade das vítimas, vai publicar em seu portal orientações para que as candidatas procurem o Ligue 180, da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres.
“Como temos o compromisso do sigilo, queremos evitar o contato direto com as mulheres que relataram preocupantes situações de estupro e violência, principalmente porque o agressor pode ser uma pessoa muito próxima”, disse o ministro Aloizio Mercadante.
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De acordo com Mercadante, o tema foi importante para reforçar o combate à violência contra a mulher e fazer com que mais de 5,8 milhões de participantes refletissem sobre o assunto.
Apenas 104 candidatos obtiveram nota máxima (1.000) na redação e 53 mil receberam zero – neste número não estão contabilizados os que não compareceram ao segundo dia de provas ou que não elaboraram a redação. Em 2014, 529.373 zeraram a redação, mas a comparação entre os resultados não é possível, pois este foi o primeiro ano em que os alunos que deixaram a redação em branco não foram “zerados”.
O grupo que tirou entre 901 e 999 aumentou em relação à edição anterior. Em 2015, foram 47.770, enquanto em 2014 foram 35.719.
No ano passado, o número de denúncias de violência contra a mulher no número 180 chegou a 63 mil, 40% a mais do que em 2014, de acordo com dados divulgados pela Central de Atendimento à Mulher. (Saiba mais aqui)
Veja como denunciar a violência
No Brasil há um número específico para receber esse tipo de denúncia,180, a Central de Atendimento à Mulher. O serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias do ano e a ligação é gratuita. Há atendentes capacitados em questões de gênero, políticas públicas para as mulheres, nas orientações sobre o enfrentamento à violência e, principalmente, na forma de receber a denúncia e acolher as mulheres.
O Conselho Nacional de Justiça do Brasil recomenda ainda que as mulheres que sofram algum tipo de violência procurem uma delegacia, de preferência as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM), também chamadas de Delegacias da Mulher. Há também os serviços que funcionam em hospitais e universidades e que oferecem atendimento médico, assistência psicossocial e orientação jurídica.
A mulher que sofreu violência pode ainda procurar ajuda nas Defensorias Públicas e Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, nos Conselhos Estaduais dos Direitos das Mulheres e nos centros de referência de atendimento a mulheres.
Se for registrar a ocorrência na delegacia, é importante contar tudo em detalhes e levar testemunhas, se houver, ou indicar o nome e endereço delas. Se a mulher achar que a sua vida ou a de seus familiares (filhos, pais etc.) está em risco, ela pode também procurar ajuda em serviços que mantêm casas-abrigo, que são moradias em local secreto onde a mulher e os filhos podem ficar afastados do agressor.