Músico é chamado de ‘escravo’ em evento de rap no litoral de SP
Jotaerre afirma que foi a 1ª vez que foi vítima de preconceito de forma tão explícita.
O rapper Paulo Sérgio Dias Junior, de 31 anos, conhecido como “Jota Erre” relata ter sido vítima de racismo durante um evento em Santos, no litoral de São Paulo, no último fim de semana,
“Jotaerre” afirma que foi chamado de ‘escravo’ por uma mulher. O músico registrou um boletim de ocorrência nesta quarta-feira, 11. .
Em entrevista ao G1, o músico conta que não soube como reagir no momento da ofensa de cunho racista.
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“Não falei pra quase ninguém durante dias, achei que esqueceria na real, não achei que impactaria tanto, mas de fato acho que nunca vou esquecer. É bem pesado, ainda mais pela naturalidade, frieza, normalidade que ela usou, inacreditável”, descreve o músico.
Paulo relata que o xingamento ocorreu durante uma batalha de rap no local. Segundo ele, os ataques partiram de grupo de mulheres que estavam na frente do palco e não concordaram com a votação do público. “Jotaerre” conta que levou na brincadeira.
Quando as batalhas acabaram, um amigo mostrou a mulher que o xingou. “Brincando, falei ‘ah foi você então’. Ela disse que tinha sido e eu falei para falar de novo. Aí ela simplesmente disse ‘vai tomar no c* escravo’ e saiu andando”, relembra.
O caso foi registrado na Delegacia Eletrônica e encaminhado ao 1º DP de Santos.
Como denunciar racismo
Casos como esses estão longe de serem raros no Brasil. Para que eles diminuam, é fundamental que o criminoso seja denunciado, já que racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89. Muitas vezes não sabemos o que fazer diante de uma situação como essa, nem como denunciar, e o caso acaba passando batido.
Para começar, é preciso entender que a legislação define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, prevendo punição de 1 a 5 anos de prisão e multa aos infratores.
A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro.