Na pandemia, Brasil ganha mais bilionários e bate recorde de famintos
Uma conta rápida comprova que a fortuna dos bilionários brasileiros seria capaz de erradicar a fome no país; mas por que Bolsonaro se recusa a fazer isso?
Desde o início da pandemia do novo coronavírus, decretada em março de 2020 pela OMS (Organização Mundial da Saúde), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem sido enfático em dizer que as vidas e a economia devem ser preservadas com a mesma importância. Nenhuma deveria se colocar sobre a outra.
Fortuna dos bilionários acabaria com a fome no mundo, e ainda sobraria
Mas três dados divulgados nesta terça-feira, 6, comprovam que não houve preocupação com nenhuma das duas por parte do governo federal.
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- Segundo ranking da revista Forbes, o Brasil ganhou 20 novos bilionários durante a pandemia, chegando a um total de 65 pessoas a possuírem 1 bilhão de dólares ou mais.
- Já de acordo com a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, o país somou 19 milhões de pessoas que passaram fome, um índice que atinge 9% da população, a maior taxa desde 2004. Em 2018, havia 10,3 milhões de brasileiros nessa situação.
- O Brasil somou hoje 4.195 vidas perdidas para a covid-19 nas últimas 24 horas, um recorde, e totalizou 336.947 óbitos pela doença desde o início da pandemia, segundo levantamento do Conass (Conselho Nacional de Secretários da Saúde).
Esses três dados nos dão informações valiosas de quem o governo de Jair Bolsonaro privilegia. Ao passo em que milhões de brasileiros passaram a ter mais fome com a pandemia, os ricos estão cada vez mais ricos, brindando o país com 20 novos bilionários em apenas um ano. Ainda segundo a Forbes, o patrimônio total dos bilionários brasileiros aumentou 72%: passou de 127,1 para 219,1 bilhões de dólares.
Com todas essas informações em mãos, gostaria aqui de fazer uma conta rápida com vocês, puramente hipotética.
Com o dólar vendido a R$ 5,60 (06/04/2021), a fortuna dos bilionários brasileiros, em reais, vira trilhão: 1.226.960.000.000. Se pegássemos todo esse valor e fizéssemos uma aplicação com rendimento a 1% ao mês, teríamos 12.269.600.000 reais todo mês. Se dividíssemos esse valor entre os 19 milhões de brasileiros que passam fome, cada um receberia R$ 645,76 por mês. Ou seja, a fome seria erradicada no Brasil.
Por coincidência – ou não -, o valor antigo do auxílio emergencial, que o governo federal recusa-se a continuar pagando, era de R$ 600. Agora, o valor pode chegar a, no máximo, R$ 375.
Um governo que diz privilegiar tanto a vida quanto a economia não conseguiu controlar a escalada geométrica das mortes no país, que hoje ocupa confortavelmente o segundo lugar no número de óbitos por covid-19 a nível mundial (sendo que temos apenas a sexta maior população no globo). Tampouco evitou que a fome chegasse às casas dos brasileiros. Enquanto isso, apenas 65 pessoas estão nadando em dinheiro, deleitando-se do conforto irrestrito de poder comprar o que quiser.
Isso não é colocar a economia e a vida como prioridades em um governo. Pelo menos, não a de todos.