‘Não sou contra o aborto’, diz juíza do caso de garota estuprada
"Então, por coerência, eu prefiro que me acusem de tudo quanto é coisa, mas a menina esteja preservada", disse
Em entrevista exclusiva ao Diário Catarinense, nesta terça-feira, 21, a juíza Joana Ribeiro defendeu sua decisão que impediu uma garota de 11 anos de fazer aborto em Santa Catarina – a criança ficou grávida depois de ser estuprada. Em despacho, ela disse que o encaminhamento da menina ao abrigo tinha como objetivo protegê-la do procedimento e de possíveis novas agressões.
“Mas isso não quer dizer que eu sou contra o aborto, só que o aborto passou do prazo”, falou a juíza, que atua desde 2004 na área da Infância e Juventude, passando por comarcas de Navegantes e Itajaí, municípios de Santa Catarina.
“Um ponto importante é a coerência de tudo o que eu faço, de defender o direito à privacidade da criança. Não é justo em um momento de crise, para me proteger ou me defender, eu não fazer isso e colocar em evidência questões processuais ou da menina. Então, tem uma questão teórica, tenho artigos e livro onde falo do Marco Legal da Primeira Infância, falo do direito da criança e do adolescente começar desde o nascimento, tem tudo isso. Mas, isso não quer dizer que eu sou contra o aborto, só que o aborto passou do prazo. Eu não quero dar detalhes por conta da segurança dessa criança. É muito grave. Então, por coerência, eu prefiro que me acusem de tudo quanto é coisa, mas a menina esteja preservada. (…) É muita covardia eu querer me defender, eu tenho mil coisas para me defender, mas é muito covarde eu tentar me defender e expor a menina, a mãe da menina, a família. Então eu prefiro aguentar sozinha essa pressão”, falou ela.