No país das calças bege: ato relembra 22 anos do Massacre do Carandiru

Coletivos e movimentos sociais saem às ruas nesta quinta-feira, às 17h, na Praça da Luz

Em 1997, o grupo de rap paulistano Racionais Mc`s explodia nas rádios e tevês de todo Brasil para relembrar um dos maiores genocídios que São Paulo já testemunhou: o Massacre do Carandiru.

Com “Diário de um Detento”, o quarteto que tinha Mano Brown à sua frente, musicava o relato feito à caneta pelo ex-detento Josemir Prado, o Jocenir, testemunha ocular da carnificina ocorrida cinco anos antes. Os versos fizeram sucesso, renderam prêmios e levaram o grupo da periferia a se tornar o mais popular do país, com mais 1,5 milhão de vendas do disco “Sobrevivendo no Inferno”. Mais que tudo isso, não se calou, resgatando a memória das centenas de vítimas do ataque. Muito mais que as 111 declaradas oficialmente.

Vinte e dois anos depois, os interlocutores desta história são outros. Não estão mais na tevê e nem nas rádios. Estarão nas ruas: no próximo dia 2 de outubro, com o Ato em memória dos 22 anos do Massacre do Carandiru: “Nossos mortos têm voz . A data será marcada por uma manifestação de rua convocada pelos diversos coletivos e movimentos sociais de toda capital paulista. A concentração está marcada para as 17h, na Praça da Luz, e caminhará pelas ruas do centro em memória às vítimas do massacre.

22 anos depois: rango azedo e pneumonia

Entre o rango azedo e a pneumonia, 22 anos depois, o debate volta ao passado para repensar o presente e questionar a política criminal dos dias atuais.

Em 2014, o Brasil atinge o terceiro lugar no ranking de maior população carcerária do mundo, em que a Polícia Militar de São Paulo acumula 10 mil assassinatos nos últimos 19 anos. A exemplo de episódios como o assassinato de um camelô durante a Operação Delegada em que apenas reforçam os alvos da violência estatal.

“Aos massacres reais somam-se os massacres estruturais: as mesmas quebradas acossadas por balas, porretes e algemas são submetidas a um cotidiano de total descaso, em que falta tudo que é necessário para viver com um pingo de dignidade”, afirma o texto convocatório da manifestação.