‘O Bolsonaro vai matar viados’, diz criança em redação escolar

As redações foram expostas em uma escola público do Distrito Federal

31/10/2018 10:48

Estudante disse que, se eleito, “Bolsonaro matará viados”
Estudante disse que, se eleito, “Bolsonaro matará viados” - Reprodução/Facebook

A redação de um aluno do 3º ano do ensino fundamental de um colégio da rede pública no Guará I, no Distrito Federal, está repercutindo nas redes sociais por uma citação, em que ele afirma que, se eleito, “Bolsonaro vai matar viados”. Os estudantes do 3º ano têm em média 8 anos.

“Se eu pudesse votar, eu votaria para presidente no candidato Jair Bolsonaro porque eu não quero morrer. Ele vai dar arma para as crianças, adultos e velhos. Ele vai matar os viados. No final, ele vai vencer”, diz o texto da criança.

A redação com o tema “Se eu pudesse votar” foi proposta por uma docente da instituição de ensino na última sexta-feira, 26, dois dias antes da votação do segundo turno. Após os alunos entregarem-nas, os textos foram expostos nas paredes e puderam ser vistos por eleitores que votaram na unidade escolar.

Os textos tiveram citações tanto a Fernando Haddad (PT) quanto Jair Bolsonaro (PSL). No entanto, foi o conteúdo ofensivo de algumas delas que chamou a atenção.

Em outro cartaz, um estudante afirmou que votaria no militar porque “ele parece que vai ser um bom presidente, mesmo que ele tenha preconceito”.

Estudantes do 3º ano do ensino fundamental escreveram redações com conteúdo violento em apoio à candidatura de Bolsonaro
Estudantes do 3º ano do ensino fundamental escreveram redações com conteúdo violento em apoio à candidatura de Bolsonaro - Reprodução/Facebook

De acordo com informações do Metrópoles, os cartazes já foram retirados pela direção da escola. A diretora Cindia Carpina Cury disse que foi “pega de surpresa” pelo conteúdo das redações.

“Não vi na sexta. A maioria dos cartazes é sobre o Bolsonaro e alguns têm informações sobre homofobia, mas não sei se as crianças têm esse comportamento nem conheço o contexto em que elas vivem. Não fazemos qualquer tipo de apologia. Inclusive, questões de gênero não discutimos pois é a família que decide”, declarou Cury.

Ainda segundo o noticioso, para a psicopedagoga Luciane Oliveira é importante analisar o contexto social e familiar a que esses alunos estão inseridos.

“Não podemos simplesmente criticá-las. Crianças reproduzem o que ouvem sem nem saber o que realmente significa. Elas podem associar a figura do Bolsonaro a arma, mas não quer dizer que tenham essa posição crítica em relação a ele”, ponderou.

“A escola é um espaço aberto, temos de ouvir e discutir para entender o nível de pensamento das crianças e desconstruir algumas ideias, o que estão trazendo de casa”, sugeriu a especialista.

Saiba como denunciar homofobia

Embora não seja considerada crime, a homofobia é hoje uma das práticas de ódio mais comum no dia a dia. A ojeriza motivada pela orientação sexual de outrem deixa marcas que, quando não fatais, psicológicas.

No Brasil, de acordo com dados do Grupo Gay da Bahia, uma pessoa LGBT é morta a cada 19 horas. Em 2017, a entidade computou 445 homicídios desse tipo, o que representa um aumento de 30% em relação ao ano anterior.

No link abaixo, saiba o que fazer em caso em caso de homofobia e como identificar quando você está sendo vítima de um ataque homofóbico.