O computador que nasceu do lixo

27/01/2010 05:46

Num galpão de 1.800 metros quadrados, 22 trabalhadores recrutados em uma favela das redondezas conseguem produzir um computador que custa R$ 199,00, com capacidade de acesso à internet e garantia de um ano. A máquina começa, neste ano, a ser vendida para estudantes universitários, em 24 prestações. A inspiração do negócio não saiu dos planos de laboratórios de engenharia americanos que propuseram o computador de U$ 100,00. Saiu literalmente do lixo.

Na década de 1950, Jair Martinkovic tinha 9 anos de idade e morava num cortiço na zona norte de São Paulo. Para ganhar uns trocados, revendia latas e garrafas encontradas no lixo. Mas não vendia por peso.

Montou no quintal de sua casa uma pequena oficina de remanufatura, transformando os objetos descartados em produtos de valor. “Assim eu conseguia mais dinheiro.” Como naquela época muitos animais circulavam, especialmente pela periferia, ele vendia esterco embalado. Era motivo de piada, chamado na rua de “Jair Merdeiro”. Está aí a base do negócio que ele inventaria, muitos anos depois, para vender computadores baratos.

Jair descobriu cedo o talento de comerciante. Como vendedor de uma loja, conseguiu pagar a mensalidade de uma faculdade privada e se formou em contabilidade.  Muito tempo depois, montou uma empresa de processamento de dados (Planac) e, com o tempo, vendeu equipamentos de informática – aceitava, como parte do pagamento, máquinas antigas.

Trecho da da coluna Urbanidade, publicada no jornal Folha de S. Paulo