O dia em que uma gangorra ensinou ao mundo o valor da convivência
“[A gangorra] foi uma resposta para pensar em como a fronteira é um lugar onde há um grau de desigualdade, desequilíbrio", destacou um dos idealizadores
Em um mundo dividido por muros e fronteiras, o arquiteto Ronald Rael e a designer Virginia San Fratello usaram a criatividade para responder às políticas antimigratórias que ganham força no mundo.
Em um trecho de cerca que divide Estados Unidos e México, três gangorras rosas foram montadas para unir crianças e adultos separados pelos limites territoriais.
O feito logo ganhou repercussão nas redes sociais e sutileza de uma brincadeira foi capaz de emocionar o mundo. Em entrevista ao G1, ele ressaltou seu valor simbólico. “[A gangorra] foi uma resposta para pensar em como a fronteira é um lugar onde há um grau de desigualdade, desequilíbrio – tanto laboral, do trabalho, como humanístico”, justificou o idealizador que também é professor na Universidade da Califórnia.
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Brincadeira falando de ações políticas
A ideia, segundo Rael, surgiu três anos após a sanação da “Lei de Cerca Segura”, criada pelo presidente George W. Bush. “Nós gostamos da ideia de uma gangorra: quando adotamos certas ações de um lado, elas têm consequências diretas do outro – assim como nas relações com nossos vizinhos. É a ideia da brincadeira falando de ações políticas. Serve para as pessoas sentirem essas interações”, disse Rael.
Enquanto na Ciudad Juárez, lado mexicano, mães e crianças que vivem próxima à fronteira se reuniram para se participar da interação, no lado americano, nas mediações de El Paso, Texas, pessoas convidadas deram sua contribuição no solidário gesto.
Como parte da equipe de Rael do lado americano, perto da cidade de El Paso, no Texas, estava Kate Green, curadora sênior do museu de arte da cidade. Do lado americano, as pessoas tinham sido avisadas e convidadas com antecedência para a instalação.
Cozinhar é, para refugiados, geração de renda e elo com cultura
O próprio Rael acha bom que a discussão sobre as barreiras entre os dois países, que ele rejeita, estejam voltando à pauta. Ele lembra, entretanto, que a construção delas não foi ideia de Trump.
Lembra ainda que, apesar das contundentes críticas à proposta de construção do muro, a ideia de separar as fronteiras é discutida há tempos .”A cerca vem sendo construída com autorizações de governos anteriores, e não se fala nela há 12 anos”, afirma. “A ideia [do muro] não é de Trump, vem acontecendo há um tempo”.
Gangorra pode ser levada a outros lugares
Ainda na entrevista, Rael revelou que estuda a possibilidade de levar a intervenção a outros lugares da fronteira.
“Há bem poucos lugares onde é possível passar o material através da cerca”, disse. “Eu imagino se há oportunidade de fazer isso em outro lugar. Nós estamos conversando, nos perguntando sobre isso”.