O drama de quem caiu na Net

 Texto de Peu Araújo e Ilustração de Juliana Lucatto

“Eu só queria me ver como uma mulher de verdade. Eu não vejo em mim uma mulher, eu me vejo como uma criança. Eu queria, sei lá, só me ver.” É o que conta a adolescente JL. Aos 17 anos, ela posou só de calcinha para as lentes de uma amiga tentando descortinar sua sexualidade, mas descobriu muito mais do que isso: intolerância, bullying, machismo, sexismo, exposição, crueldade. Reconheceu seu corpo ali desprotegido, à mercê de todo tipo de gente, e se viu nos dias mais terríveis de sua vida.

A jovem da Zona Norte de São Paulo mandou as fotos por inbox ao namorado, hoje já ex, em janeiro deste ano. No final de março, uma surpresa: aquelas imagens íntimas estavam ao alcance de qualquer um tanto na conta falsa que criaram em seu nome no Facebook quanto em grupos de Whatsapp. E detalhe: além das fotografias, ainda acrescentaram o nome da escola em que estudava e o número de seu celular. Daí foi um passo para uma enxurrada de ligações de homens à procura de mais nudes, de encontros e até de programas. JL ensaiou uma volta às aulas, recebeu apoio dos amigos da sala, mas não conseguiu lidar com as provocações do resto do colégio. “Ela queria se esconder e cobrir aquilo que todo mundo estava vendo”, revela a mãe, que preferiu não se identificar.

O crime anônimo foi ganhando cara e notas grosseiras de recalque. Mensagens de texto como “Seeefuuudeooo”, “Pra largar de ser oferecida”, “Vou compartilhar suas fotos”, “Você vai se foooder na minha mão” pipocaram no Whatsapp da adolescente. A autora dos ataques, também menor, não confessa ter hackeado as fotos de JL, mas revela outro crime: [Continue lendo aqui.]