O estupro era uma das ferramentas de tortura na ditadura
Reportagem do jornal El País reúne depoimentos de mulheres que foram violentadas por militares
A violência sexual era mais uma das ferramentas de tortura durante o período da ditadura brasileira e as mulheres representavam o grupo mais atingido. Uma reportagem publicada pelo El País, compila relatos de quem passou por essa situação com base no relatório da Comissão Nacional da Verdade, órgão criado para apurar crimes contra a dignidade humana nos anos de regime.
Histórias como a de Isabel Fávero, que depois de três ou quatro dias presa, começou a passar mal. Ela estava grávida de dois meses e teve um aborto espontâneo. Sangrava e não tinha como se limpar. A vítima acredita que sua condição fez com que ela não fosse estuprada.
No entanto, não foi o mesmo que aconteceu do Karen Kleit. Segundo a reportagem do El País, ela foi levada à força junto com o seu marido ao Departamento Estadual de Investigações Criminais de São Paulo. Lá ela apanhou, ficou amarrada e um pau-de-arara e sofreu choques elétricos nos seios.
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“Sangrava por todas as partes. Pelo nariz, pela boca. Estava muito mal. Então um dos guardas veio, me levou para uma das celas e me estuprou. Ele me disse que eu era rica mas tinha a mesma vagina que o resto das mulheres. Era um homem horrível”.
Apesar de pouco citado pelos livros de história, os estupros, desnudamento e outros tipos de crimes sexuais eram mais frequentes do que imaginamos. Muitos inclusive, eram cometidos na frente de familiares. Como uma forma de tortura em grupo.
Ainda segundo a reportagem, depois do regime grande parte das mulheres tentavam suicídio, pois o convívio com as recordações da experiência era tão dolorosas quanto a própria situação. Como o ciclo de vida continuo, difícil de encontrar um fim.