O Fim de uma Infância Feliz

No dia seguinte, por volta de oito e meia da manhã, César e Paulo já estavam batendo uma bola, até parecia que nunca tinham visto um campo antes. Jhonson com os olhos ainda remelados, seus tênis furados, blusa de goleiro amassada, dentes
pra fora parecia até um coelhinho, sardas no rosto, seus cabelos lisos e espetados deixavam-no parecendo o Rei Leão. Assim ele era. Como todos os outros garotos ele também tinha o sonho de ser jogador de futebol, era um garoto esforçado, um bom filho.
Seu pai era hippie e sustentava a família com alguns trabalhos artesanais que ele mesmo fazia e vendia em feiras livres. Não demorou muito e em seguida chegou Escova todo empolgado para jogar uma bola também. Escova era um garoto
de pele escura e cabelos enrolados. Magrinho e alto, parecia um microfone quando reclamava de uma falta que não acontecera.
Morava com a avó e a mãe, era filho único e considerado Naquela sexta-feira estava um sol de rachar e Bruno ainda dormia. Jhonson resolveu aprontar com César e pediu que ele fosse chamar Bruno. Ele foi. Inocentemente bateu forte no Até que num puxão dona Jô abriu o portão. Olhou nos olhos
– O que cê quer, moleque?
– Ô, tia, o Bruno tá aí?
– Tá dormindo e num vou acordar ele não.
César agradeceu e voltou para o campo.
– E aí, cadê ele? – perguntou Jhonson com risos no rosto.
– Aê, a mãe do cara é brava pra caralho, mano, ela quase me engoliu.Vixe, cê é louco, nunca mais eu colo lá na casa dele.  Jhonson sabia que dona Jô não gostava de ninguém incomodando pela manhã e resolveu tirar uma com a cara de César.
Todos começaram a rir, ele muito sem graça apenas balançou a cabeça fazendo sinal de negativo.

Por Redação