O “inseto assassino” é mais inteligente e menos cruel do que parece

Usar os cadáveres de suas presas como adereço é na verdade uma solução evolutiva encontrada para ajudar na caça e na proteção

23/06/2014 10:55 / Atualizado em 04/05/2020 14:39

A decapitação e a mutilação de inimigos e a exibição de suas cabeças ou partes do corpo é um costume presente na história da humanidade. Mas o que poucos sabem é que isso também acontece entre os insetos, embora com uma finalidade mais evolutiva.

O assassin bug mata suas presas e depois as empilha em cima de suas costas. Mas não se trata de ostentar seus dotes de caçador, e sim de se adaptar ao meio ambiente.
O assassin bug mata suas presas e depois as empilha em cima de suas costas. Mas não se trata de ostentar seus dotes de caçador, e sim de se adaptar ao meio ambiente.

A família de insetos chamada Reduviidae tem alguns membros perigosos. É dela que vem um inseto conhecido pela alcunha de “assassin bug”, ou “inseto assassino”. O nome se justifica pelo modo como ele mata suas presas e suga seus conteúdos internos, deixando apenas os exoesqueletos secos de lembrança. Depois, pega os cadáveres e os prende ao próprio corpo.

O costume parece demasiado sinistro e oneroso, mas ajuda o predador de várias formas. Os inimigos mortos proporcionam uma camuflagem visual e olfativa para o momento da caça, fazendo com que o predador possa se aproximar de suas presas sem ser identificado.

Além disso, os cadáveres também servem de armadura para proteger suas costas – se os assassin bugs forem abocanhados por uma lagartixa, por exemplo, há boas chances de ela conseguir apenas morder um punhado de formigas mortas.

Caçadores

Há cerca de sete mil espécies de “assassins bugs” atualmente no mundo e todas agem de forma semelhante. A forma pela qual elas prendem os cadáveres das presas às costas ainda é um mistério, mas sua técnica de caça é impecável.

As presas funcionam como agulhas que perfuram formigas, abelhas e cupins e sugam seus conteúdos internos, deixando apenas os exoesqueletos secos.
As presas funcionam como agulhas que perfuram formigas, abelhas e cupins e sugam seus conteúdos internos, deixando apenas os exoesqueletos secos.

Assim como os cupins, as formigas têm o costume de remover suas companheiras mortas de dentro do formigueiro. O inseto assassino se coloca em uma das saídas desses locais, esperando alguma presa desavisada aparecer para sugar seus interiores. Quando uma companheira aparece para empurrar o cadáver para fora, também acaba sendo devorada. E assim por adiante – pesquisadores já observaram insetos assassinos pegarem 48 cupins seguidos em um único ataque desses.

Apesar disso, os insetos assassinos não representam nenhuma ameaça real para os seres humanos que não sejam algumas picadas ocasionais. A exceção fica por conta dos membros da família conhecidos como barbeiros, que, transmitem o protozoário causador da Doença de Chagas.

Os estágios de crescimento de uma espécie da família Reduviidae.
Os estágios de crescimento de uma espécie da família Reduviidae.

Via Wired.