O melhor prêmio de Nizan Guanaes

O publicitário  Nizan Guanaes se considera um ser irremediavelmente competitivo -uma atitude que lhe trouxe, em intensidade semelhante, alguns dos mais importantes prêmios de publicidade, assim como admiradores e desafetos.
Há algum tempo, ele colocou seu prazer competitivo num segmento que lhe era totalmente estranho, cujo cenário nada tinha a ver com a sofisticação asséptica das agências de publicidade: uma escola pública da periferia de São Paulo (Campo Limpo, na zona sul), tão longe de Nova York, onde hoje ele mora. Apesar do dinheiro investido, ele descobriu que é muito mais fácil e rápido levar os mais cobiçados prêmios inventando anúncios do que melhorar uma escola pública. Na semana passada, porém, ele ganhou um troféu. Humilde, nada tinha a ver com a luminosidade de um Leão de Ouro de Cannes. Pelos meus critérios, foi o seu melhor.

O troféu é o resultado da escola que ele apoia (Francisco Brasiliense Fusco). O colégio continua, para padrões civilizados, ruim. Só que, segundo o índice de qualidade do governo estadual, o Idesp, conseguiu superar 40% da meta fixada. Isso o coloca 80% acima da média do Estado e, se mantiver esse ritmo, logo estará muito mais próximo de Nova York do que de São Paulo.

A ação pode ser vista como um lance de marketing social associado ao prazer do desafio, em meio à onda de responsabilidade empresarial. Isso é apenas um detalhe. O essencial é que, naquele projeto de periferia, estampa-se o anúncio de um caminho sem volta para o Brasil.

Ele integra um grupo de 52 empresários, batizado de “Parceiros da Educação”, que apoia a gestão de 80 escolas púbicas e é assessorado por pedagogos. O desafio provocou neles uma sensação permanente de insatisfação, talvez porque as metas não virem realidade com a rapidez de seus negócios. Na semana passada, não foi Nizan que comemorou.
Foi montada uma tabela do desempenho de algumas daquelas escolas envolvidas no projeto. O resultado, no geral, ainda deixa muito a desejar, se comparado com nações mais educadas. A novidade é que houve saltos que superaram em 100% a meta estabelecida para o ano, segundo o índice estadual, que mistura notas com evasão.

PS- Detalhei em meu site (www.dimenstein.com.br) três casos de escolas apoiadas por empresários; além de Nizan, estão Jair Ribeiro (Casa do Saber) e o escritório de advocacia Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga. É mais interessante do que um plano de negócios.

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