O que a propaganda da Gillette nos diz sobre masculinidade tóxica

Campanha oferece uma reflexão sobre a geração de homens que a sociedade deveria construir

Em parceria com Superela
18/01/2019 14:57

A discussão sobre machismo está cada vez mais presente nas redes sociais, mas, quando debatemos essa pauta, normalmente falamos sobre como a sociedade patriarcal é maléfica para as mulheres. Nesta semana, a Gillette — marca muito associada ao sexo masculino — quis fazer diferente e trouxe para o debate uma outra questão: a masculinidade tóxica.

Em sua nova campanha “The Best Men Can Be” (“O Melhor que os homens podem ser”, em tradução livre), a Gillette propõe uma mudança de costumes em relação à masculinidade agressiva, com situações que envolvem machismo, bullying e assédio sexual. A iniciativa, que poderia ser um verdadeiro marco para uma mudança de comportamento, fez exatamente o contrário. Muitos homens criticaram a propaganda, com reações negativas e até ameaças de boicote a marca.

Propaganda da Gillette legendada em português (não possuo nenhum direito sobre o vídeo, só coloquei legenda pra que mais gente pudesse ver).Reflexão sobre masculinidade tóxica é muito importante!Edição: HOMENS, refletir sobre a forma que o homem se expressa e é moldado pela sociedade não é um ofensa, é uma tentativa de AJUDA. O comercial não tá dizendo que "todo homem é tóxico", tá dizendo que a sociedade é tóxica para o homem e por causa do homem; e esse é um ciclo que acaba mal. Pensar no exemplo que se dá pras próximas gerações é dever de todos, mas os homens têm um caminho maior a percorrer pra acabar com esse circulo vicioso que nos leva ao caos.

Posted by Caroline Thalheimer on Tuesday, January 15, 2019

A grande pergunta é: mas por quê?

Parece que os homens ainda não entenderam que a masculinidade tóxica é um mal para todos, não apenas para as mulheres. A pressão da sociedade para que a figura masculina seja o provedor, não chore, não demonstre fraqueza, seja mulherengo, etc. também é extremamente perigosa para a saúde mental dos caras. Mas, ao invés de refletirem e buscarem uma mudança, eles criticam quando alguém tenta trazer a questão à tona. Enxergam como um ataque pessoal, uma grande ofensa e logo começam com aquele de papinho “ah, mas nem todo homem…”. As pessoas acharam que aquela propaganda quis dizer que todos os homens são abusivos, violentos, quando, na verdade, a mensagem não é essa.

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Texto escrito por Ana Clara Barbosa e publicado no Superela