O relato de um trans em busca de uma casa para chamar de lar

O artista H.Melt conta como, após experiências infelizes, transformou o seu lar em lugar de acolhimento e cura

O relato foi feito pelo artista H.Melt
Créditos: Ally Almore/Divulgação
O relato foi feito pelo artista H.Melt

Minha casa é um refúgio. É o lugar onde eu me sinto mais seguro como uma pessoa queer e trans vivendo na América. É o lugar onde eu tenho o maior controle sobre com quem eu interajo, o que me circunda e a sensação geral. No entanto, minha casa não está isenta de todas as interações com o mundo exterior. Eu alugo um apartamento, interajo com a equipe de manutenção, meu locador e meus vizinhos. Enquanto eu tento proteger o meu lar o máximo possível (e, por extensão, proteger a mim mesmo), eu aprendi durante os últimos anos que mesmo nossos espaços mais pessoais podem ser invadidos. É por isso que eu dedico muito tempo e esforço para transformar minha casa em um belo espaço onde me sinto validado, apoiado e amado, mesmo quando estou sozinho em meu estúdio.

Em minha antiga moradia, eu havia tido uma experiência de discriminação pelo meu locador, que me fez sentir inseguro em minha própria casa. Além disso, por ser um inquilino que morava no prédio por vários anos, pagava significativamente menos do que “valor de mercado” pelo local. Eu ficava a duas quadras do Lago Michigan, perto de várias opções de transporte e em grande proximidade de mercados e restaurantes. Amava o meu apartamento e minha vizinhança. Mas meu locador não gostava da minha presença. Eles sempre aumentavam o aluguel e claramente desejavam reformar o apartamento apenas para cobrar mais caro por ele. Eu era constantemente enganado, chamado pelo nome errado e intimidado pela equipe.

Quando os notifiquei de que iria me mudar, recebi uma carta que dizia que alguns itens do meu apartamento “poderiam não ser ‘adequados para a visualização‘ do grande público, especialmente qualquer filho criança que poderia possivelmente acompanhar seus pais”. O subtexto aqui era óbvio para mim – eles não acreditavam que um espaço queer e trans visível era aceitável ou comercializável para inquilinos em potencial. Eles queriam me apagar e e higienizar o apartamento, limpando quaisquer significância queer da minha casa.

As informações são da repórter Yara Guerra, da Casa.com.br. Confira o conteúdo na íntegra aqui.

Em parceria com a Catraca Livre, a Casa.com.br vai publicar conteúdos sobre urbanidade, sustentabilidade, arquitetura, faça você mesmo, dicas para sua casa e decoração. Confira tudo neste link.