O símbolo da praça

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Mário Bortolotto

Desde que começou a ser tomada por grupos teatrais, a praça Roosevelt se converteu num cenário de resistência da cidade de São Paulo contra a degradação. Faltava-lhe um símbolo para sintetizar esse enredo urbano. Esse símbolo passou a se chamar Mário Bortolotto.

Tudo ali parece um roteiro. O espaço abandonado e violento, quase morto, vai ganhando vida com os palcos e seus novos personagens, que começam a se misturar com prostitutas, travestis, assaltantes, viciados, em meio a sujeira por todos os lados. Contra quase tudo e quase todos muitas vezes, contra o próprio poder público -cada centímetro ganho, com um novo teatro, parece a conquista de um território ocupado.

Revitalizações que os governos não conseguem fazer ou se arrastam há anos, como a chamada Nova Luz, surgiram, informalmente, na Roosevelt, trazendo arte e criatividade. O que cabia ao governo -e já havia até dinheiro para reformar a praça- ainda tramita na dramaturgia previsível da burocracia.

Daqueles palcos alternativos, irradiaram-se luzes que ajudaram a montar o grande palco de todas as tribos paulistanas. Em nenhum lugar, há tanta gente diferente, representando tantas tendências, comoolo

a região do Baixo Augusta.

Trecho de coluna publicada no jornal Folha de S.Paulo, editoria Cotidiano.