ONG distribui pílulas abortivas e realiza consultas para mulheres infectadas pelo zika
Um relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o zika vírus pode afetar, aproximadamente, até quatro milhões de pessoas em todo continente continente americano num período de um ano. No Brasil, cerca de 1,5 milhão de pessoas já foram infectadas e cerca de quatro mil casos apresentaram suspeita de microcefalia.
Em um país marcado pela forte influência das igrejas católicas e evangélicas, o debate em torno de processos abortivos, ou a falta do diálogo, abriu precedente para a ação da ONG holandesa Woman on Web, que oferece pílulas gratuitas às mulheres grávidas infectadas com suspeita de microcefalia no bebê.
Criada em 2005, com o objetivo de propagar o aborto seguro em todo o mundo, a fundadora e diretora da organização Rebecca Gomperts justificou a ação do grupo. “O vírus está se espalhando para a maioria dos países onde o aborto é muito restrito”. Ela também avaliou o surto da epidemia em países, influenciados pela religião, que comprometem a saúde e a vida da mulher. “Queremos garantir que elas tenham acesso a um bom aborto medicinal”.
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ONG faz consultas gratuitas pela internet
Se você é gestante e teme suspeita de microcefalia, no Site Women on Web é realizar consulta gratuita, que pode ser encaminhada ao uso das pílulas Mifrepristone e Misoprostol. Entre os requisitos estabelecidos é necessário que a paciente more em país onde o “acesso ao aborto seguro é restrito”, ter menos de nove semanas de gravidez e não sofrer nenhuma doença grave. O aborto, no Brasil, só é permitido em casos de estupro, risco de vida à mãe e em casos de anencefalia.
Ex-ministro da saúde apoiará aborto em caso de microcefalia no STF
Enquanto perdura o silêncio entre as autoridades ligadas à saúde pública no Brasil, o ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão afirmou, em entrevista ao site da BBC Brasil, que apoiará ação que pede a legalização do aborto em casos de microcefalia. O tema será levado ao Supremo Tribunal Federal nas próximas semanas.
Ainda na entrevista, o médico avaliou que o projeto, se levado a Câmara dos Deputados, já “nasceria derrotado”, considerando o atual quadro de deputados chamado por ele de “o mais reacionário corpo de deputados e senadores da história republicana”.