ONU tem número recorde de embaixadoras mulheres

Tradicionalmente ocupado por homens, o Conselho de Segurança da ONU tem agora mais de um terço de suas cadeiras preenchidas por mulheres

17/11/2014 17:58 / Atualizado em 04/05/2020 15:11

Quando Madeleine Albright representava os EUA na sede da ONU em Nova York, nos anos 1990, havia apenas sete mulheres embaixadoras no prédio. Hoje, são 31 representantes permanentes do sexo feminino, um número recorde na história da ONU.

Nos anos 1990, eram sete embaixadoras permanentes na sede da ONU em Nova York. Hoje são 31, número recorde para a organização.
Nos anos 1990, eram sete embaixadoras permanentes na sede da ONU em Nova York. Hoje são 31, número recorde para a organização.

Ainda mais significativo é o fato de que as mulheres ocupam também seis dos 15 assentos na mesa do Conselho de Segurança, representando Argentina, Jordânia, Lituânia, Luxemburgo, Nigéria e os EUA – o que também é um número recorde.

As diplomatas dizem que sua função é representar seus países, e não seu gênero. Mas um dos resultados de sua presença é o aumento da importância que projetos e programas para mulheres e crianças têm tido nas discussões do grupo.

Desigualdade de gênero pelo mundo

Ainda que o recorde seja positivo, 84% dos embaixadores na ONU são homens. Eles continuam a ocupar os mais altos cargos da ONU, incluindo os de secretário-geral, vice-secretário-geral, chefe de assuntos políticos, chefe da Agência da ONU para Refugiados e o chefe das Forças de Manutenção da Paz. Quando Ban Ki-moon terminar seu mandato, no final de 2016, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança – que, em última análise, têm peso maior nas decisões – estarão pressionados a designar uma mulher para o cargo.

A disparidade de gêneros nas Nações Unidas reflete, de um modo geral, a desigualdade de gênero presente na maioria dos países. Recentemente o Fórum Econômico Mundial publicou o  Global Gender Gap Report, um relatório que calcula as diferenças entre homens e mulheres de 142 países de acordo com quatro critérios: acesso à educação primária, acesso à saúde, poder econômico e participação política.

O resultado disso é um ranking geral que trás no topo países como Noruega, Finlândia e Suécia – e em que o Brasil aparece na 81ª colocação. Na página do relatório é possível encontrar esses dados em um mapa interativo, além da análise completa.

Desigualdade de gênero no Brasil

Segundo a pesquisa Estatísticas de Genêro 2014, do IBGE aumentou em 68% a participação das mulheres na renda familiar nos últimos dez anos. Mas elas ainda enfrentam desigualdade salarial.

O número de mulheres responsáveis pela família subiu de 22% para 37% no período entre os Censos de 2000 e 2010. Hoje, a participação média das mulheres na renda familiar é de 40,9%.

Apesar disso, as mulheres ainda ganham menos do que os homens. No mesmo período, o rendimento delas aumentou em 12%, mas as mulheres ainda recebem 68% menos do que os homens. Nessa conta, a mulher tem que trabalhar 536 dias para conseguir ganhar o equivalente ao que um homem ganha por ano.