Opinião: a culpa da desgraça de Geraldo Alckmin tem 5 letras
Pesquisa divulgada hoje, 30, mostra o candidato estacionado em torno dos 7%, apesar de seu enorme tempo na televisão e coalizão de partidos
Pesquisa divulgada hoje, 30, pelo Confederação Nacional dos Transportes (CNT) mostra Geraldo Alckmin (PSDB) estacionado em torno dos 7%, apesar de seu enorme tempo na televisão e uma gigantesca coalizão de partidos.
Mais um sinal: o bispo Edir Macedo reuniu na quinta-feira (27) a cúpula da Igreja Universal do Reino de Deus, em São Paulo, para informar que desistiu de Alckmin. A Igreja Universal faz parte do Centrão através do PRB.
Há uma série de explicações para o drama de Alckmin que, ao iniciar a campanha, era apontado como candidato forte ao segundo turno, montado no seu tempo de televisão e na força de São Paulo.
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Muitos falam que os eleitores querem algo “novo”. Verdade. Dizem que falta carisma ao ex-governador. Verdade. Lembram que o PSDB foi envolvido em vários episódios da Lava Jato. Verdade.
Mas o que explica mesmo o péssimo desempenho do ex-governador tem apenas 5 letras: Dória.
É fácil entender. Ao deixar a prefeitura, apesar da promessa por escrito de que cumpriria seu mandato até o final, João Dória (PSDB) gerou uma frustração no eleitoral, fazendo disparar sua rejeição. Sinal dessa rejeição é que, nas simulações de segundo turno, ele perde de Paulo Skaf (MDB) – e vê seu outro rival, o governador Márcio França (PSB), crescer a cada pesquisa.
Se Dória permanecesse na prefeitura, ele certamente seria um ótimo cabo eleitoral, usufruindo a imagem do “novo”, apresentando projetos de repercussão. Lembremos que, graças a essa imagem, ele foi rapidamente cotado à presidência.
A essa altura, Dória já teria obras e projetos para mostrar – mesmo que muitos deles, como é de seu costume, com muito mais fumaça do que fogo.
Ao sair candidato, ele trouxe mais um elemento desagregador: dificultou a aliança de Alckmin com o atual governador, Márcio França, capaz de aproximá-lo, em algum momento, do PSB – importante força no Nordeste.
O efeito Dória, virou um cabo eleitoral às avessas, certamente custou a Alckmin de 3 a 5 pontos nas pesquisas. Parece pouco. Mas seria o suficiente para deixar ele com dois dígitos – algo em torno de 13% – isolando-o como candidato da terceira via. Teria mais chances de vender seu discurso – correto – de que votar em Bolsonaro (PSL) é dar uma chance ao PT. Há uma parte de eleitores de Bolsonaro que são apenas anti-PT e poderiam apoiar o candidato mais viável para derrotar Haddad (PT).
Alckmin não pode reclamar: afinal, contra tudo e contra todos foi ele que elegeu Dória prefeito de São Paulo.