Opinião: como jornalistas perdem a guerra contra as Fake News
O diretor do Datafolha, Mauro Paulino, um dos maiores especialistas do Brasil, afirma que as notícias falsas – também conhecidas como Fake News – terão impacto no resultado das urnas.
Motivo: uma imensa parcela dos eleitores se informam de política no WhatsApp – segundo o Datafolha, 61% entre os eleitores de Bolsonaro; 38%, entre os de Haddad.
A desinformação sempre fez parte do jogo político. Mas agora há três diferenças.
1)As redes sociais espalham a mentira com muito mais rapidez;
2)As novas tecnologias facilitaram o acesso a truques de edição de vídeo e fotos;
3)As mentiras têm um nível de tosquice raramente visto, como a “previsão” de Chico Xavier na vitória de Bolsonaro. Foram vítimas dessa onda de Fake News de Datena, passando por Ivete Sangalo a padre Marcelo.
As mentiras não têm ideologia e partidos. Mas, neste quesito, segundo observatórios de mídias digitais, os fãs de Bolsonaro têm vencido de lavada. Até porque grande parte da força do deputado está na sua competente organização na internet, com suas milícias digitais.
O jornalismo sério só vai atuar depois que a mentira se propagou. Mas não consegue a mesma velocidade. Nem propagação. Vamos reconhecer que os jornalistas estão fazendo o que podem, chacando com rapidez as informações. Mais: criaram até um consórcio de dezenas de meios de comunicação para lidarem com tanta demanda.
A Federação Espírita Brasileira após entrou em contato com pesquisadores de Chico Xavier. Viu que o texto não dele. Mas muito menos gente soube do desmentido.
É um desafio brigar de igual para igual no WhatsApp, afinal as mensagens são criptografadas.
Existem melhores mecanismos no Twitter e Facebook, usando-se filtros e checagens, capazes de identificar e até tirar perfis do ar.
A verdade é que nós, jornalistas, estamos perdendo a guerra da informação. É muito mais fácil divulgar uma mentira do que desmenti-la.