Opinião: o Posto Ipiranga, do Bolsonaro, está pegando fogo

Nesta quarta-feira, o dólar está subindo e a bolsa está caindo.

Motivo: o Posto Ipiranga – ou seja, Paulo Guedes –  está pegando fogo. E ainda não se sabe quem vai apagar o incêndio.

A primeira faísca que acendeu foi o próprio Bolsonaro, ao defender uma reforma da Previdência muito mais branda do que a proposta por Paulo Guedes.

Não foi só: descartou mexer na geração da Eletrobras e na exploração da Petrobras. Ações da Eletrobras  e Petrobras caem.

Cresce a suspeita de que o “Posto Ipiranga” teria muito menos força do que se imagina de implantar a agenda liberal.

Guedes seria o cartão de visitas para contrabalançar a o histórico de Bolsonaro de defesa de posições estatizantes e contra reduções de gastos públicos, quando estão em jogo interesses corporativos do funcionalismo.

A segunda faísca veio da revelação de que o Ministério Público Federal investiga Paulo Guedes por fraude, associada a executivos de fundos de pensão ligados ao PT e MDB.

Ele é investigado por supostos  crimes de gestão fraudulenta ou temerária.

Entre as entidades investigadas estão: Previ ( Banco do Brasil), Petros ( Petrobras), Postalis ( Correios), e BNDESPar – braço de investimento do BNDES.

Para o MPF, há “relevantes indícios de que, entre fevereiro de 2009 e junho de 2013, diretores/gestores dos fundos de pensão e da sociedade por ações BNDESPar” se consorciaram “com o empresário Paulo Roberto Nunes Guedes, controlador do Grupo HSM”.

A intenção seria a de cometer “crimes de gestão fraudulenta ou temerária de instituições financeiras e emissão e negociação de títulos imobiliários sem lastros ou garantias”.

Se essa investigação se mostrar consistente, a bandeira de honestidade de Bolsonaro sai arranhada: afinal, Guedes seria o homem forte de seu governo na área econômica.

Mas se Paulo Guedes sair de cena, Bolsonaro terá de arrumar urgente outro “Posto Ipiranga”- o que não é tão simples.