Opinião: por que é difícil Bolsonaro perder a eleição para Haddad

Costuma-se repetir que segundo turno é uma nova eleição. Não é bem assim.
A experiência mostra que quem sai na frente no segundo turno tende a ganhar.
No caso de Jair Bolsonaro a vantagem diante de Fernando Haddad é muito grande. Por quatro pontos o deputado não levou logo no domingo. Talvez se ainda houvesse mais uma semana, esses pontos seriam ganhos obtidos pela onda que tomou o país.
Para Fernando Haddad ganhar não basta que atrair os votos do PDT, PSDB, MDB, etc. É necessário desconstruir Bolsonaro, tirando-lhe alguns pontos. Do contrário seria necessário esperar cerca de 80% dos votos dos mais candidatos.
Portanto, Haddad tem, ao mesmo tempo, de caminhar para o centro – o que é seu perfil – mas também ir para o “tudo ou nada”- o que não é seu perfil.
Precisa dar um sinal forte a esquerda – e aí atacando a direita -, mas sem se descolar dos empresários e de um classe média mais conservadora que rejeita Bolsonaro.
É um jogo dúbio de imagens, com efeitos complexos.
Já Bolsonaro precisa apenas transmitir a imagem de que está contra que está aí – o “sistema”- e se beneficiar do antipetismo.
Claro que ainda há tempo de desconstrução. Há muitos debates e entrevistas pela frente, aliados de Bolsonaro como Mourão ou Paulo Guedes ( o Posto Ipiranga) podem deslizar nas palavras.
Mas se a lógica funcionar – o que nestas eleições não tem funciona – será muito difícil reverter o favoritismo de Bolsonaro.