Opinião: só os irresponsáveis estão muito felizes com o Datafolha

Posso compreender muita gente possa estar satisfeita com o crescimento de Jair Bolsonaro revelado nessa pesquisa Datafolha de hoje.

Afinal, para quem não gosta do PT é uma boa notícia. Até porque a rejeição ao deputado parou de subir. E nem é impossível a vitória no primeiro turno.

Também posso entender que petistas estejam satisfeitos: afinal, seu candidato está com um pé no segundo turno. E sua rejeição até caiu levemente.

Mas é preciso ser irresponsável, desinformado ou sentindo-se com ganhos pessoas ao tomar o poder, para ficar muito feliz.

Quem é informado e responsável está  preocupado.

O brasileiro não está votando a favor de alguém. Mas contra alguém.

Se o Brasil não fizer, por exemplo, uma reforma da Previdência, simplesmente quebra, tirando ainda mais recursos de saúde, educação e segurança.

Deveríamos ficar preocupados na opção _ ou falta de opção _ que fez o Brasil optar por Bolsonaro e Haddad.

Bolsonaro não tem um partido político. Isso significa  que, para governar, terá de conseguir maioria no Congresso negociando com o chamado “Centrão”.

Repito o que já escrevi aqui: esse tipo de aliança, como todos sabem, tem custo _ e o custo é alto. Rapidamente, virão as denúncias em torno dos acertos,  arranhando a imagem de “antissistema” de Bolsonaro. Haverá acusações de “estelionato eleitoral”.

Uma opção seria não ceder. Mas também não aprovar nada e jogar o país na crise, alimentando a chama de uma intervenção militar.

Em caso da vitória de Fernando Haddad, seu  partido é mais estruturado, mas insuficiente para aprovar medidas urgentes e evitar o colapso das contas públicas. Obviamente teria de negociar com o “Centrão” _ o que não seria necessariamente um problema. Lula e Dilma tiveram amplo apoio desses partidos.

Mas o PT não acredita profundamente nessas reformas. Aliás, faz campanha contra elas.  Mesmo que seus líderes saibam, em conversas reservadas, de sua importância.

Ou seja, quem não perceber o óbvio desse  risco é irresponsável ou desinformado. Ou está esperando mamar no poder.