Os números do machismo no Brasil: pesquisa revela opinião de jovens entre 16 a 24 anos
96% dos jovens afirmam viver em uma sociedade machista
O jovem brasileiro é machista: cala, consente e reproduz um comportamento misógino. Ao menos é o que revela o resultado da pesquisa divulgada nesta quarta-feira, 3 de dezembro, pelo Instituto Avon e Data Popular que entrevistou 2.046 jovens de 16 a 24 anos de todas as regiões do país – sendo 1.029 mulheres e 1.017 homens.
Confira os números:
– 96% afirmam viver em uma sociedade machista
– 48% deles dizem achar errado a mulher sair sozinha com os amigos, sem a companhia do marido, namorado ou “ficante”
– 76% criticam aquelas que têm vários “ficantes”
– 80% afirmam que a mulher não deve ficar bêbada em festas ou baladas
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O que elas dizem:
– 78% das jovens entrevistadas relatam já ter sofrido algum tipo de assédio como cantada ofensiva, abordagem violenta na balada e ser beijada à força. Três em cada dez garotas dizem ter sido assediadas fisicamente no transporte público.
– 53% delas dizem que já tiveram o celular vasculhado
– 40% que o parceiro controla o que fazem, onde e com quem estão
– 35% relatam que foram xingadas pelo namorado; 33%, impedidas de usar determinada roupa.
– 9% contam que já foram obrigadas a fazer sexo quando não estavam com vontade
– 37% que já tiveram relação sexual sem camisinha por insistência do parceiro.
– 32% das jovens relatam que tiveram de excluir algum amigo do Facebook a pedido do parceiro
– 30% dizem que tiveram e-mail ou perfil de rede social invadido pelo namorado e 28%
– 15% das jovens dizem que foram obrigadas a revelar para os namorados suas senhas de e-mail e Facebook
– 2% que receberam ameaça de cibervingança – a divulgação de fotos ou vídeos íntimos.
Além dos dados apresentados, a pesquisa ainda mostra que 42% das mulheres reprovam uma mulher que fique com muitos homens. 43% dos garotos categorizam mulheres para namorar ou para ficar.
Mais mulheres (42% delas) do que homens (41% deles) disseram concordar que uma garota deve ficar com poucos homens. E muitos garotos (43%) ainda veem diferença entre mulheres para “namorar” e “para ficar” . Já 30% dos homens dizem que a mulher que usa roupas curtas está se oferecendo; somente 20% das mulheres concordam com a opinião.
Veja como denunciar a violência doméstica
No Brasil há um número específico para receber esse tipo de denúncia,180, a Central de Atendimento à Mulher. O serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias do ano e a ligação é gratuita. Há atendentes capacitados em questões de gênero, políticas públicas para as mulheres, nas orientações sobre o enfrentamento à violência e, principalmente, na forma de receber a denúncia e acolher as mulheres.
O Conselho Nacional de Justiça do Brasil recomenda ainda que as mulheres que sofram algum tipo de violência procurem uma delegacia, de preferência as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM), também chamadas de Delegacias da Mulher. Há também os serviços que funcionam em hospitais e universidades e que oferecem atendimento médico, assistência psicossocial e orientação jurídica.
A mulher que sofreu violência pode ainda procurar ajuda nas Defensorias Públicas e Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, nos Conselhos Estaduais dos Direitos das Mulheres e nos centros de referência de atendimento a mulheres.
Se for registrar a ocorrência na delegacia, é importante contar tudo em detalhes e levar testemunhas, se houver, ou indicar o nome e endereço delas. Se a mulher achar que a sua vida ou a de seus familiares (filhos, pais etc.) está em risco, ela pode também procurar ajuda em serviços que mantêm casas-abrigo, que são moradias em local secreto onde a mulher e os filhos podem ficar afastados do agressor.