Oscar 2018 foi o Oscar da diversidade, definitivamente
Após alguns anos de predominância branca, masculina, cis e heterossexual nas cerimônias do Oscar, a 90ª edição da premiação cinematográfica mais prestigiada do mundo resolveu ouvir as necessidades do mundo moderno. Não foi uma noite fácil para quem não gosta de igualdade.
Logo no começo, a abertura da cerimônia, realizada por Jimmy Kimmel, disse a que veio. O apresentador citou o vergonhoso fato de Hollywood ter passado panos quentes em centenas de casos de assédio sexual, trazendo à tona, inclusive, o caso de Harvey Weinstein, acusado de assédio e estupro por atrizes como Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow e Cara Delevigne.
Em dado momento, Kimmel chegou a dizer que o melhor homem é a estatueta do Oscar: sempre sabemos onde estão suas mãos e não tem pênis.
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E quem diria que uma mulher transexual subiria ao mais alto posto da premiação? Foi bonito de ver. “Uma Mulher Fantástica”, o longa chileno dirigido por Sebastián Lelio levou a estatueta de Melhor Filme Estrangeiro.
O filme conta a história de Marina, uma garçonete transexual que tem o senho de ser uma cantora de sucesso. E, para viver tal papel, foi chamada a atriz Daniela Vega, também transexual. Um marco para a cinematografia mundial.
Além de sair com o título de “Melhor Filme Estrangeiro”, Daniela Vega subiu ao palco e falou para bilhões de pessoas que assistiam à premiação.
Outro momento bastante curioso da cerimônia foi quando a atriz queniana Lupita Nyong’o (“12 Anos de Escravidão”) e o ator paquistanês Kumail Nanjiani subiram ao palco para apresentar um prêmio.
Ambos fizeram um bonito discurso sobre os imigrantes. “A todos os sonhadores aí do outro lado, nós estamos com vocês”.
E como não rir das ironias de Maya Rudolph (“Missão Madrinha de Casamento”) e Tiffany Haddish sobre a “falta de pessoas brancas” no Oscar?
Uma das maiores críticas em 2016, quando não havia nenhuma pessoa negra indicada aos principais prêmios, parece ter surtido efeito.
Mas ainda dá pra gente fazer piada sobre isso, não é mesmo? “Fiquem tranquilos que ainda vem gente branca por aí”, disseram elas.
Também não foi uma noite fácil para os homofóbicos. Ver “Me Chame Pelo Seu Nome” levar a estatueta de Melhor Roteiro Adaptado deve ter sido uma decepção para eles.
O filme conta a história de Elio, um sensível filho da família americana com ascendência italiana e francesa Perlman. Ele passa outro verão preguiçoso na casa de seus pais na bela e lânguida paisagem italiana. Mas tudo muda quando Oliver (Armie Hammer), um acadêmico que veio ajudar a pesquisa de seu pai, chega.
Vencedor do Oscar de Melhor Diretor, o mexicano Guillermo del Toro começou seu discurso com a frase “eu sou um imigrante”. Ótimo momento para tal fala, uma vez que o presidente dos EUA, Donald Trump, tem em sua cabeça a construção de um enorme muro que separa o país do México.
Outra coisa interessante a se considerar é que, neste ano, uma mulher foi indicada na categoria de Melhor Diretor. Seu nome: Greta Gerwig, que dirigiu o longa “Lady Bird”.
Frances McDormand, ao receber o Oscar de Melhor Atriz por “Três Anúncios Para Um Crime”, fez todas as mulheres indicadas a alguma categoria se levantarem na plateia.
“Olhem para todas elas. Todas nós temos uma história para contar, e projetos que precisam de financiamento. Nos chamem para seus escritórios, ou vão até os nossos, que nós contaremos tudo sobre elas”, disparou a atriz.
Uma salva de palmas para a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Ainda há MUITO o que evoluir no campo da igualdade social, mas esse ano nos serviu como uma verdadeira luz no fim do túnel.