Pai roda Brasil como homem-placa em busca do filho desaparecido
Quem vê de longe o maranhense José Ribamar de Fátima Rodrigues, 60, andando pela Praça da Sé pode achar que se trata de mais um homem-placa ganhando a vida no centro de São Paulo.
Mas a batalha diária seu José é outra, chegando mais perto da placa que carrega, na verdade duas folhas simples plastificadas, dá pra ver a foto de Cleilton, 29, um dos dez filhos de José, que desapareceu no início deste ano.
Em 11 de março a família recebeu por telefone a notícia do sumiço de Cleilton. Na época o filho de seu José morava com um irmão em Guariba (a 340 km de SP) e sumiu após ter sido visto chorando no trabalho.
- Ter algum destes 4 sintomas comuns pode indicar que você está com diabetes
- Este sinal de câncer de pâncreas é detectado em 75% dos casos
- Bahia: 3 lugares baratos para viajar e se encantar
- Composição sanguínea do cordão umbilical explica o autismo
Seu José esperou por 20 dias por notícias do filho, que sofre de depressão e esquizofrenia. Em abril, o homem que mantém com um salário mínimo a casa com oito pessoas, pediu um empréstimo de R$ 4.000 para procurar o filho pelo Brasil.
Com ele, levou apenas uma mochila com documentos, algumas fotos da família, sete peças de roupa – nenhum agasalho para o frio -, um kit de higiene e o cartaz com as fotos do filho que carrega no peito e nas costas. Desde então José, que não tem parte do braço esquerdo, perdeu 15 kg e sofreu preconceito por acharem que era alguém tentando tirar proveito de sua deficiência ou mesmo um mendigo.
Por onde passava, registrava boletins de ocorrência sobre o desaparecimento do filho, já que o Brasil não conta com um cadastro unificado de desaparecidos. Nas delegacias também enfrentou contratempos, diziam a ele que faltavam documentos para os registros ou mesmo que esperasse o filho voltar.
Após muita procura conseguiu uma pista, um boletim de ocorrência registrado em 17 de março, em Araraquara, informava que haviam encontrado Cleilton. Chegando lá, seu José conversou com a funcionária do Centro de Atendimento à População de Rua que havia levado Cleilton à delegacia, ela disse a ele que seu filho estava desnorteado e que o centro doou uma passagem para que o rapaz fosse para São Paulo.
Seu José questionou a atitude da mulher, já que, segundo o que ela informou e o quadro clínico de Cleilton, ele não estava em condições de seguir viagem. Sem muita escolha, o pai seguiu para São Paulo, confirmando na Rodoviária do Tietê que o filho havia desembarcado em 18 de março na capital.
Desde então o senhor se fixou em São Paulo, onde conheceu outras famílias que buscam parentes desaparecidos. A busca de seu José segue, ele anda vários quilômetros por dia, muitas vezes enganando a fome e sede, focado principalmente na Praça da Sé e da Luz, grandes pontos de concentração de moradores de rua.
Algumas delegacias, como a 2ª Delegacia de Polícia de Pessoas Desaparecidas divulgam, pela internet, a foto da pessoa desaparecida que for enviada ao departamento policial.