Papai Noel que negou abraço para criança autista é demitido
"Ele ficou balançando a mão, tipo para eu levar o Daniel, para sair com ele e me retirar", disse a mãe
O Papai Noel de um shopping em Valparaíso, Goiás, negou dar um abraço em Daniel Alves, 4 anos, uma criança autista que aguardou o ano inteiro para encontrar o Noel pela primeira vez. Ele estava muito animado para o momento que acabou não acontecendo da forma que ele imaginou. “O Papai Noel só virou e falou não, que não teria foto”, contou Angélica Alves, mãe do garoto.
“Ele ficou balançando a mão, tipo para eu levar o Daniel, para sair com ele e me retirar. Foi isso que eu fiz. Eu peguei o Daniel, muito sem graça, porque eu não tive como; eu não tive esforços para debater, não tive esforço para procurar ninguém”, continua a mulher.
Angélica relata que só teve real noção do que aconteceu quando chegou a sua casa. Ela resolveu entrar em contato com a ouvidoria do Shopping Sul na última segunda, 19, e, ao saber do ocorrido, o estabelecimento dispensou o funcionário, que era de uma empresa terceirizada, imediatamente. Daniel também foi convidado a voltar ao shopping para finalmente ter sua foto com o novo papai noel.
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“O Daniel faz terapias, faz os tratamentos dele e nunca na vida que eu imaginei que um personagem pra criança pudesse fazer isso com ele. Então, a gente ficou muito triste mesmo, mas fiquei contente pelo fato de o shopping ter tomado as dores e ter atendido a gente”.
Na fila, a mãe explicou a situação: “Contei para o pessoal da fila que o Daniel é autista. Ele fica um pouco agitado, ainda mais quando fica feliz. […] Nisso, eu falei que ele é autista pro Papai Noel”. Mesmo sabendo disso, o homem não quis tirar nenhuma foto com o menino e pediu para a próxima criança se aproximar.
O acontecimento não abalou a esperança da família no futuro de Daniel. Eles pretendem retornar ao shopping e fazer o sonho natalino do garoto: “Espero de coração que, nos próximos natais com Daniel, ele possa ficar à margem de preconceito”.
“É muito dolorido você ver o seu filho sendo rejeitado. Eu senti o meu filho rejeitado e isso me doeu muito. Eu sei que eu vou presenciar, mas eu, de coração, espero que não, sabe? Eu quero meu filho inserido na sociedade como uma pessoa normal, como uma criança normal”, falou Angélica.
O Shopping Sul divulgou uma nota de posicionamento dizendo que o estabelecimento “repudia todo e qualquer ato de discriminação”. Também ressaltou: “… assim que tomou conhecimento do ocorrido, está apurando os fatos para que as medidas cabíveis de enfrentamento ao tema sejam tomadas” e que “no mesmo dia, por cautela, o profissional envolvido foi substituído por outro papai noel”.
“Toda equipe contratada pelo shopping, por meio de agência especializada, passa por treinamentos para contato com o público e são sempre priorizados profissionais experientes nestas contratações. O shopping reforça ainda que a situação narrada não reflete os valores da empresa, que baseia as suas relações em princípios como ética, respeito e igualdade”, finalizou a nota.
A administração do estabelecimento ainda esclareceu: “Pedimos desculpas à família, em especial à criança e sua mãe, bem como a todos e todas que, direta ou indiretamente, tenham se sentido ofendidos pelo fato descrito acima”.