Para manter estupro de escravas sexuais, Estado Islâmico obriga vítimas a usar contraceptivos

Vendida sete vezes, adolescente de 16 anos relata violência sofrida pelo Estado Islâmico

Matéria divulgada pelo jornal norte-americano The New York Times relata o cotidiano de uma jovem de 16 anos, sequestrada pelo grupo jihadista Estado Islâmico, submetida à condição de escrava sexual. Na ideologia dos combatentes, o ataque a mulheres e meninas de minorias religiosas resgata uma prática realizada na época do Profeta Maomé e integra parte das operações realizadas pela milícia.

E vai além: já que a escravidão sexual passou a gerar fonte de renda para as ações do E.I, o controle de natalidade das vítimas se tornou responsabilidade dos estupradores. Assim, segundo regra da lei islâmica interpretada pelo grupo, o homem deve estar seguro de que a mulher escravizada não está grávida antes de ter violentá-la.

Identificada apenas como “M” pela reportagem, a jovem revelou que após ser comprada por um dos combatentes, recebeu uma caixa com uma cartela de pílulas. “Todo dia, eu tinha que tomar uma diante dele. Ele me dava uma caixa por mês. Quando acabava, ele trazia uma nova. Quando eu fui vendida de um homem para outro, a caixa de pílulas vinha comigo”, explicou a jovem, que na época não sabia que estava tomando contraceptivo.

Entre as mais de 700 vítimas de estupro que buscaram tratamento à Organização das Nações Unidas, apenas 5% engravidaram durante o período em que foram mantidas como escravas
Entre as mais de 700 vítimas de estupro que buscaram tratamento à Organização das Nações Unidas, apenas 5% engravidaram durante o período em que foram mantidas como escravas

Das dezenas de vítimas, mulheres da religião yazidis, que escaparam do domínio do Estado Islâmico, a maioria descreveu os variados métodos usados pelos jihadistas para evitar possíveis gravidez. Variando desde anticoncepcionais, orais, injetáveis, ou até mesmo aborto forçado- tudo para que elas permanecessem disponíveis para o estupro.

Entre as mais de 700 vítimas de estupro do grupo étnico yazidi que buscaram tratamento até o momento na clínica apoiada pela Organização das Nações Unidas, no norte do Iraque, apenas 5% engravidaram durante o período em que foram mantidas como escravas, segundo o dr. Nagham Nawzat, o ginecologista que realiza os exames.