Para Pezão, barrar adolescentes da periferia impede eventuais crimes nas praias
Defensoria Pública pede suspensão das abordagens, que no último domingo impediu cerca de 150 jovens de irem à praia
Segundo o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, a polêmica ação da Polícia Militar que barrou a presença de adolescentes da periferia nas praias do da Zona Sul, neste fim de semana, foi uma forma de impedir incidentes como arrastões.
No último domingo, mais de 150 jovens foram retirados de um ônibus, em Botafogo, após serem abordados por uma blitz da PM e encaminhados ao Centro Integrado de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Ciaca).
Ainda segundo o governador, a operação teve início no verão do ano passado e contou com o apoio do serviço de inteligência das autoridades de segurança da cidade. Desde então, jovens são monitorados e impedidos de ir às praias. Sobre possíveis excessos cometidos durante as abordagens, Pezão garante que isso será corrigido.
Apartheid à brasileira
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Por outro lado, a Defensoria Pública do Rio de Janeiro questionou a intenção das abordagens, enviando um ofício à Polícia Militar e à Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima, pedindo investigação e suspensão da ação discriminatória.
Para a defensoria, o ato de impedir que jovens pobres, em sua maioria negros, é um atentado contra o direito de ir e vir e de lazer. Além de expor mais uma face do apartheid social velado que hoje acontece em todo o Brasil.
As informações solicitadas serão encaminhados ao pedido de habeas corpus preventivo, afim de evitar novas abordagens – a menos que estejam cometendo alguma infração. A solicitação foi feita à Vara da Infância, da Juventude e do Idoso do Rio de Janeiro.
Versão da PM
Em nota, a assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que as ações preventivas têm como finalidade encaminhar crianças e adolescentes em situação de risco aos abrigos da prefeitura: ”Muitos desses jovens, além de estarem nas ruas sem dinheiro para alimentação e transporte, apresentam condição de extrema vulnerabilidade pela ausência de familiares ou responsáveis. Todos os encaminhamentos são registrados em boletim de ocorrência, conforme recomendação expressa pelo Ministério Público no final do ano passado.”