Passe Livre sai às ruas de São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro contra aumento da tarifa
Além das capitais, manifestações acontecem em Campinas, Sorocaba, Santos e cidades do Vale do Paraíba, no interior paulista
Nesta sexta-feira, 8 de janeiro, o Movimento Passe Livre volta às ruas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte (e outras cidades Brasil afora), para mostrar sua indignação contra o reajuste da tarifa. Em um conturbado cenário político, as mobilizações tentam barrar o aumento da passagem de ônibus, trens e metrôs, a exemplo das jornadas de 2013, quando a persistência dos manifestantes foi maior que a repressão. E numa tacada só derrubou os “vinte centavos”, além de deixar um importante legado para o exercício da cidadania em todo país.
Na capital paulista, a manifestação ocorre um dia antes do reajuste que prevê mudança de R$ 3,50 para R$3,80. Está marcada para as 17 horas, com concentração nas escadarias do Theatro Municipal, centro da cidade. No Rio de Janeiro, o ato está agendado para o mesmo horário e deve reunir milhares de simpatizantes na Cinelândia. Enquanto em Belo Horizonte, o levante tem início agendado para as 18h, na Praça Sete, no coração da capital mineira.
Conjuntura dos reajustes
No dia 30 de dezembro, o prefeito Fernando Haddad e o governador Geralado Alckmin anunciaram o reajuste da tarifa no ônibus, trem e metrô de São Paulo. Com variação de 8,6%, o novo preço da passagem ficará abaixo da inflação prevista pelo Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), de 10,72%. No caso de integração com outros municípios da região metropolitana, o custo deve subir de R$ 5,45 para R$ 5,92.
Já no Rio, a tarifa subiu no último sábado, 2, de R$ 3,40 para R$ 3,80, o que representa um avanço de 11,7%. Em Belo Horizonte, a tarifa passou de R$ 3,40 para R$ 3,70 no último domingo, 3, com aumento de 8,82%. Com a mudança, este é o terceiro reajuste na cidade em um ano.
SP: gratuidade e Bilhete Único Temporal
Além do aumento abaixo da inflação anual, as administrações alegam que, em São Paulo, os valores do Bilhete Único Temporal (Mensal, Semanal e 24 horas) não sofrerão alterações. Também justificam que quase 20% dos usuários (estudantes beneficiados pelo Passe Livre Estudantil, trabalhadores desempregados, pessoas com deficiência e idosos acima dos 60 anos) são isentos da tarifa. Fatores, que segundo a prefeitura paulistana, resultam em um alto subsídio a ser pago, justificando o reajuste.
Confira a nota emitida pelo Movimento Passe Livre sobre o aumento da passagem em SP
“MAIS UM AUMENTO DE PRESENTE DE ANO NOVO
Na mais pura amizade, Fernando Haddad (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB), deram as mãozinhas e anunciaram um aumento de trinta centavos na nossa já absurda passagem para o começo do próximo ano. Com isso, passaremos a pagar R$3,80 nos ônibus e metrôs exatamente no aniversário do último aumento, dia 9 de janeiro.
Novamente, governos municipal e estadual deixam bem claro que as picuinhas entre seus partidos são só joguinho de cena, e que, na verdade, os dois têm um objetivo muito nobre em comum: enriquecer empresário pisando em cima da população.
Como sempre, aparecem os argumentos de que “é a crise” e “pelo menos o aumento está abaixo da inflação”. Mas quantos aumentos acimadela a população já aguentou até que a passagem chegasse ao preço exorbitante atual? Por que somos nós, e principalmente quem está mais fodido, quem tem que tapar o buraco das “perdas” nos ganhos – que, “apesar da crise”, seguem altíssimos – dos empresários? E por que parece natural, em um momento de crise, que a saída seja tornar ainda mais excludente um sistema que já deixa muita gente de fora pra garantir que quem já ganha muito continue ganhando?
Enquanto isso, o busão e o metrô seguem lotados, o transporte continua servindo apenas para levar e buscar (e muito mal) do trabalho e nosso acesso à cidade e nosso direito de ir e vir continuam sendo mercadorias das mais caras.
Só a luta muda a vida, e é bom que Haddad e Alckmin tenham vindo preparados para a briga, porque nós vamos bater de frente. A população não vai pagar pela crise dos ricos e nenhum centavo a mais vai sair do nosso bolso pra enriquecer ainda mais os empresários!
TODO AUMENTO É ROUBO, E NÓS VAMOS REAGIR!
TRÊS E OITENTA NEM FODENDO!”