Pazuello isenta Bolsonaro e culpa CFM pelo uso da cloroquina
Ex-ministro da Saúde afirmou que presidente 'em hipótese alguma' lhe deu ordens sobre uso de cloroquina
Em depoimento à CPI da Covid nesta quarta-feira, 19), o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello isentou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre recomendações para o uso da cloroquina e responsabilizou o Conselho Federal de Medicina (CFM).
“Fizemos nota informativa seguindo o Conselho Federal de Medicina, que fez publicação dando autonomia médicos para utilizarem medicamentos”, afirmou.
“Quando começou o MS emitiu realmente uma orientação sobre o uso na fase grave. Feita pela gestão de Mandetta [Luiz Henrique Mandetta] que é médico. Os médicos estavam usando off label. Isso é notório. Então nós redigimos uma nota técnica”, complementou Puzello.
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Ainda segundo o ex-ministro da Saúde, “O Brasil usa a cloroquina há 50 anos. É um antiviral e anti-inflamatório. Foi utilizada na crise do zika vírus em 2016. Em 2017, o MS criou protocolo para crise da cloroquina na crise do chikungunya”, disse o general.
Pazuello também afirmou que o Brasil se baseou no protocolo de 29 países sobre o uso da cloroquina nos casos de covid-19. “Ao longo da pandemia, os médicos viram isso e, sim, começaram a ver que estava sendo usada em vários países. Estamos falando de 29 países que tem protocolo para a covid – como Índia, República Tcheca, Venezuela e Cuba”, complementou.
Em depoimento à CPI, os ex-ministro da Saúde Mandetta e Nelson Teich afirmaram que eram constantemente pressionados por Bolsonaro para recomendarem o uso da cloroquina e hidroxocloroquina como protocolo em casos do novo coronavírus.
Pazuello e a OMS
O ex-ministro da Saúde também foi questionado sobre as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que muitas vezes foram ignoradas pelo governo brasileiro.
O general afirmou que que o Ministério da Saúde não era “obrigado a seguir nenhum tipo de orientação” da OMS.
“As organizações como a OMS, Opas [Organização Pan-Americana da Saúde] […] estavam presentes diariamente conosco no ministério e elas basicamente não impõem. A OMS e a Opas não impõem nada para nós. Nossa decisão é plena, o Brasil é soberano para tomar suas decisões em qualquer área, inclusive saúde”, afirmou Pazuello.
Vacina da Pfizer
O ex-ministro foi questionado pelo relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) sobre a demora do Brasil em comprar a vacina da Pfizer.
Segundo o general, a proposta do laboratório “chegou com cinco cláusulas assustadoras naquele momento”.
“A Pfizer é um assunto que nos coloca diante de uma coisa que parece complexa, mas é simples de entender. Estamos falando de uma vacina cuja tecnologia não era conhecida no Brasil e que não compartilhava a tecnologia conosco. Era isso ou aquilo, não tinha transferência de tecnologia”, disse.
“Quando tivemos a primeira proposta oficial da Pfizer, chegou também com 5 cláusulas que eram assustadoras. Nós estávamos tratando uma encomenda de Oxford que chegaria a 200 milhões de doses neste ano. E a Pfizer nos colocando 18 milhões no primeiro semestre, com cláusulas complicadíssimas”.
“Uma vacina três vezes mais cara, com todas essas cláusulas, com quantitativos inferiores, além das questões logísticas”, complementou Pazuello.