Pelo menos 5 pessoas LGBTQIA+ morrem por semana no Brasil

Segundo o relatório, as principais vítimas foram gays (48,9%) e mulheres transexuais e travestis (43,9%)

Ao menos cinco pessoas da comunidade LGBTI+ foram vítimas de homicídio no Brasil a cada semana em 2021, de acordo com o Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+.

Ao todo, foram contabilizados 262 assassinatos, um aumento de 21,9% em relação a 2020, quando as mortes chegaram a 215. No ano de 2020, diante da quarentena imposta devido a pandemia da Covid-19, houve queda de vários tipos de crime.

Pelo menos 5 pessoas LGBTQIA+ morrem por semana no Brasil
Créditos: Reprodução/Twitter @paradasp
Pelo menos 5 pessoas LGBTQIA+ morrem por semana no Brasil

De acordo com o relatório, os principais alvo foram gays (48,9%) e mulheres transexuais e travestis (43,9%). O dossiê tem base em levantamento de notícias encontradas em jornais e portais eletrônicos, justamente pela falta de estatísticas oficiais sobre esses crimes.

“Há, provavelmente, uma significativa subnotificação do número de mortes violentas de LGBTI+ no Brasil”, escrevem os pesquisadores.

Em entrevista ao Estadão, Alexandre Bogas, diretor executivo da Acontece – Arte e Política LGBTI+, diz que os números são o reflexo não apenas dos casos mais extremos, porém também o cenário de preconceito contra a comunidade e o descaso do lado do poder público. “E o assassinato é só o resultado final. A gente sofre no dia a dia, já começa na família. A violência é muito forte.”

Além da Acontece, o observatório inclui a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) e a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT).

O levantamento dá destaque ainda a quantidade de mortes violentas contra população LGBTI+. Nesta conta, foram inclusos também, por exemplo, os suicídios. Segundo os pesquisadores, as mortes também refletem um grande problema estrutural. Foram, no total, 316 mortes violentas de pessoas LGBTQI+, isso incluindo homicídios e suicídios

Segundo Bogas, a análise dos dados também escancara a crueldade dos casos e o ódio como motivação. “Ocorre muita pedrada e facada. Isso reflete a LGBTfobia estrutural”, avalia.

Esfaqueamento (28,8%), armas de fogo (26,27%), espancamento (6,33%), asfixia (3,16%), perfurações no corpo (2,53%) e queimaduras (2,22%) foram as principais causas de morte.

As principais vítimas foram jovens de 20 a 29 anos (30,4%). Defensores dos Direitos Humanos também entram na conta. Apenas ano passado, foram nove mortes. A região mais violenta para a comunidade foi o Centro-Oeste, com2,15 mortes violentas a cada milhão de habitantes. Na sequência, vem o Nordeste (2,01), Norte (1,69), Sudeste (1,15) e o Sul (0,92).