Perifa Talks realiza palestras gratuitas com empreendedores
Programação é parte do pré-festival Percurso 2018 e recebe 14 palestrantes; a entrada é gratuita
Inspirado no formato de palestras TED (Tecnologia, Entretenimento e Planejamento),mundialmente conhecido, o Festival Percurso 2018 – de Jardim a Jardim, realiza o Perifa Talks, como pré-festival de boas-vindas no dia 08 de dezembro das 11h às 18h no Cantinho de Integração de Todas as Artes (CITA), na Praça do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo.
O festival é organizado pela Agência Popular Solano Trindade , indicada como uma das 30 empresas que fazem bem ao país, pela revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios de novembro e que neste ano se une ao movimento De Jardim a Jardim,através da parceria com o C de Cultura ampliando ainda mais a atuação e a visão integrada de sociedade, premissas que fazem parte do DNA do projeto.
No Perifa Talks, a entrada é gratuita, porém com vagas limitadas. O evento recebe 14 convidados, de diferentes localidades, coletivos e ideias inovadoras para a periferia. O tema fica em “A vida, a obra e o percurso empreendedor de grandes referências”
Entre os convidados estão a empresária Adriana Barbosa, criadora da Feira Preta, o mestre Aderbal Ashogun, sacerdote do candomblé e que trabalha com a proteção das culturas de matriz africana, a mãe Beth de Oxum, Ialorixá e percussionista de Recife (PE), Wellington Neri, o Tim, do coletivo Imargem, grupo que propõe um olhar cuidadoso para as margens povoadas da periferia, Elânia Lima, psicóloga e integrante da coletiva Roda Terapêutica das Pretas, Nayra Lays, que integra movimentos culturais do bairro Grajaú e Romária Sampaio, que é assistente social em Parelheiros e atua com comunidades religiosas de matriz africana.
A ideia do encontro é trabalhar a diversidade e o aprendizado a partir da vivência do outro. “Na cultura, como na natureza e seus biomas, a vida depende da diversidade. Se um grupo tem pouca troca com outros, de suas formas de fazer música, cantar, tocar, improvisar, compor e dançar, maior será a chance de sua cultura entrar em decadência, ser pouco valorizada ou até esquecida. A ordem é absorver a diferença para manter-se vivo”, diz Leo Mello, diretor do C de Cultura, parceiro do festival.
Confira alguns dos principais convidados
Adriana Barbosa
Criadora da Feira Preta, maior evento de cultura negra da América Latina que está em sua 17a edição, está entre os negros mais influentes do mundo. Feira Preta é hoje uma plataforma social que vai além do evento anual e dá vazão aos talentos empreendedores com atividades o ano inteiro de formação, incubação e aceleração negócios.
Elânia Lima
Mulher negra, periférica, nascida em Montanha, no Espírito Santo. Elânia é feminista interseccional e trabalha como psicóloga atendendo, majoritariamente, mulheres periféricas. É da coletiva Roda Terapêutica das Pretas, do grupo de Psicólogas Periféricas e pesquisa sobre as potências revolucionárias dos afetos (sem romantizações). Gosta de bell hooks, de viver as pequenezas do dia a dia e se fortalecer nas relações de afeto tecidas na troca de vivências com outras mulheres. Sua apresentação tem como tema “A potência revolucionária dos afetos”.
Nayra Lays
Nascida e criada no Grajaú, no extremo sul de São Paulo, Nayra Lays passou a participar dos movimentos culturais e de saraus ainda adolescente. Cantora, compositora, MC e comunicadora, aos 21 anos faz parte da nova geração de mulheres artistas que estão emergindo das margens, e ocupando outros espaços. No palco do Perifa Talks do Festival Percurso 2018 vai discorrer sobre o tema: “Aprendi a não me culpar por sonhar sem freio”. Nayra já participou do projeto Pulso, residência artística da RedBull Station, e, por sua passagem na agência-escola de jornalismo Énois, atualmente escreve para o site do Itaú Cultural. Também é integrante do coletivo de hip hop feminino Graja Minas, que vai se apresentar no domingo na Tenda das Yabás às 16 horas.
Mestre Aderbal Ashogun
Baiano, nascido no terreiro do Alaketu, Mestre Aderbal Ashogum é coordenador da rede OMO ARO CIA CULTURAL, que desde 1992 tem como prioridade a manutenção e o resgate do complexo cultural dos povos tradicionais de terreiros. Artista, escritor e professor,
é filho da Iyalorixá Mãe Beata de Iemanjá, uma das mais importantes ativistas no combate à intolerância religiosa e militante dos direitos humanos, meio-ambiente, defesa e preservação da cultura afro-brasileira. Aderbal é sacerdote do Candomblé do terreiro Ilê Omiojuarô, tombado em 2015 como Patrimônio do Estado do Rio de Janeiro pelo IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Sua obra possui conexão direta com questões de culturas que habitam as periferias das sociedades ocidentais e busca reencantar e conectar a ancestralidade de territórios e rituais sagrados. Sua poética, no limite, intenta celebrar a união dos povos em torno de um objetivo comum: a preservação e manutenção da cultura brasileira principalmente dos povos e comunidades de matriz africana, indígena e cigana. Presente no circuito da arte contemporânea, Aderbal Ashogun é um nome importante na travessia entre um meio cujo cânone encontra-se no eixo Estados Unidos-Europa e as tradições de culturas historicamente colocadas à margem das grandes narrativas. Realizou oficinas internacionais de ecologia, cultura e arte afro-brasileira em todo mundo e é um dos coordenadores da Rede Nacional de Cultura Ambiental Afro-Brasileira, formado por mais de 100 entidades além de coordenar, da Casa Caracol de Povos de Terreiro, centro cultural em Paraty (RJ) que promove o intercâmbio sociocultural e econômico entre povos de terreiro, indígenas, camponeses e periféricos.
Tim
Wellington Neri da Silva, o Tim, é artista, filho da cultura hip-hop, é educador e produtor cultural, desenvolve “pesquisações” nas artes, ecologia, juventudes e processos pedagógicos. Co-fundador do Coletivo Imargem, ganhador do Prêmio Brasil Criativo de 2016, também é diretor do Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do adolescente de Interlagos, membro pioneiro da Casa Ecoativa e Coordenador dos Projetos Cartograffiti e Hip-Hop é Educação.
Romária Sampaio
Atua como assistente social em Parelheiros (ZS) no enfrentamento do racismo e no avanço de políticas públicas voltadas para as periferias. Está à frente de discussões junto às comunidades religiosas de matriz africana. Interessada no resgate ancestral do uso de plantas medicinais, é pós graduanda em Fitoterapia Brasileira e visa a preservação e disseminação do uso popular da medicina na periferia.
Franz Thomas
Educador social na Associação Bem Comum e co-fundador da iniciativa “Navegando nas Artes”, que promove vivências náuticas em barcos à vela com foco no estímulo da reflexão, sensibilização e mobilização das comunidades que vivem às margens da Represa Billings, na Zona Sul. A atividade tem como objetivo ressaltar a valorização da água como bem natural finito do meio ambiente, da mobilidade e da ocupação dos espaços públicos.
Henrique Castan
Empresário e empreendedor social da rede Nutriens, de comercialização de alimentos orgânicos e saudáveis. Henrique acredita que por meio da oferta e consumo de alimentos que reconectam o ser humano à força da natureza, aproximamos pessoas e ideias, ideais e realizações – criando, assim, uma espiral virtuosa que amplia a consciência humana e gera resultados e riquezas em diferentes dimensões.
Mãe Beth de Oxum
De Olinda (PE), a Ialorixá do Terreiro Ilê Axé Oxum Karê também é percussionista da Banda Cultural Coco de Umbigada (que vai se apresentar no palco Jardim a Jardim do Festival Percurso, no domingo, às 20h). Mãe Beth de Oxum fundou do Afoxé Filhos de Oxum, um dos primeiros a incluir mulheres na percussão e coordena diversos projetos em sua cidade, como o Núcleo de Formação de Agentes de Cultura da Juventude Negra, que trabalha na formação da juventude negra, e o Ponto de Cultura Coco de Umbiagada. Ela ainda Integra a Comissão Nacional dos Pontos de Cultura – GT Matriz Africana e é conselheira do Colegiado de Cultura Afro-Brasileira do Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC). Durante 15 anos, foi presidente do Afoxé Alafin Oyó, atuando na luta contra o preconceito religioso. Criou no bairro de Guadalupe o Cineclube Macaíba, direcionado às culturas de matriz africana, e a Rádio Amnésia. Transformou sua casa, onde se realizavam rodas de coco de umbigada, no ponto de cultura Casa de Oxum. Em 2015 ganhou recebeu a Ordem do Mérito Cultural (OMC), dada a personalidades como forma de reconhecer suas contribuições à cultura do Brasil.
Jardim a Jardim
A edição deste ano do festival foi pensada para ser o #maiorterreirodomundo e, na prática, fomentar a união que passa entre os povos através de diferentes vertentes musicais, culturais ancestrais e a economia, trazendo a ‘re-união’ do que há de mais bonito no Brasil: o conceito de agrupamento, de aquilombamento, transformando a Praça do Campo Limpo em um chão abençoado por mestres de religiões de matriz africana e indígena. Nessa confraternização, o bastão dos griôs será passado pelas mãos da nova geração.
O conceito de “Jardim a Jardim” nasce da metáfora sobre a necessidade de encontro e troca entre as pessoas. Independente do bairro onde moram e da realidade de vida de cada um, a arte será sempre capaz de aproximar todos, afinal, sempre há o que se aprender e ensinar, de ambos os lados.
Sobre o festival
O 5º Festival Percurso Jardim a Jardim, conta com o patrocínio do Shopping Market Place, numa realização da Agência Popular Solano Trindade, C de Cultura, PROMAC, Secretaria Municipal de Cultura, Prefeitura de São Paulo, Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, por meio do Programa de Ação Cultural ICMS e Governo do Estado de São Paulo.”
A programação será dividida em tendas, como Tenda dos Povos, Tenda das Yabás, Feira Paulo Singer, Alimentando Pontes, entre outros.
Serviço – Mais informações sobre o festival podem ser obtidas no link: https://www.facebook.com/FestivalPercurso/