A periferia e sua arte em debate no projeto “Quem Somos Nós?”

O papel da arte e cultura na periferia de São Paulo: confira a série de entrevistas apresentada pelo projeto "Quem Somos Nós?"

A periferia é o centro do debate da próxima edição do programa “Quem Somos Nós?”, apresentado pela Rádio Eldorado em parceria com a Casa do Saber.

Em pauta, a arte e cultura – à margem do privilégio geográfico e social – serão os temas explorados e refletidos pelos seus porta-vozes, em programação que reunirá o poeta Sérgio Vaz, o dj KL Jay, as artistas e feministas Carolina Teixeira e Jenyffer Nascimento, além do rapper Rashid.

Mestrão dos toca-discos: ícone da cultura hip hop de SP, Kleber Lelis Simões, o KL Jay, é originário das ruas da zona norte paulistana

As conversas, que vão ao ar nas próximas semanas, expõem visões singulares de personagens reais da “ponte pra lá”, que, em comum, traçam a luta por igualdade num cenário marcado pela ausência. Confira a ideia que trocamos com o apresentador e idealizador do projeto, Celso Loducca:

1 – Desde os tempos de Carolina Maria de Jesus, a arte na periferia surge como um respiro em meio ao caos cotidiano dos “fundões” do Brasil.Levando em conta o tema do programa, qual a importância da produção artística em regiões sem acesso à educação, infraestrutura básica, segurança, lazer ou qualquer tipo de privilégio?

Celso Loducca: acredito que a importância maior é a descoberta da cidadania e dos direitos que o próprio ato de se expressar desperta em cada um. E também pode renovar ou inovar o que se costuma chamar de main stream artístico.

2 – Poesia, hip hop, literatura, graffiti são algumas das atividades praticadas pelos entrevistados. Qual a importância dessas atividades para o contexto da periferia? Qual o principal legado oferecido por elas nosdias atuais? (A exemplo dos 15 anos de cooperifa e da longa trajetória de KL Jay no rap nacional)

Celso Loducca: todas são manifestações artísticas que ao final dizem ” estou aqui, existo, penso, faço e quero meu espaço para mostrar minha vida, quem sou e quanto o mundo é injusto e desigual. E que isso tem que mudar. E vou mudar.”

3 – Levando em conta o papel da mulher negra e pobre da periferia, como o recente e promissor protagonismo feminino pode ajudar na construção de uma nova realidade brasileira?

Celso Loducca: infelizmente o preconceito de gênero existe mesmo entre quem sofre outros preconceitos tão abjetos quanto ele. E na periferia , a mulher negra sofre ao menos 2 preconceitos( de gênero e de cor). Têm uma luta própria e a afirmação de sua condição e denúncia dos absurdos que passam pode ajudar (tomara) à compreensão de que enquanto não superarmos essas condições não podemos nos chamar humanos.

  • Confira a primeira edição do projeto, que contou com a participação do rapper Rashid: